Um rascunho do acordo da saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, publicado pela União Europeia nesta quarta-feira, reiniciou o debate sobre o futuro da Irlanda do Norte e intensificou o desgaste do governo da primeira-ministra Theresa May.
Entre as propostas do documento de 120 páginas está uma área econômica comum na ilha da Irlanda após o Brexit, o que, na prática, separaria as leis econômicas da Irlanda do Norte do resto do Reino Unido.
Esse ponto provavelmente retomará uma discussão fervorosa que quase fez desandar as negociações do Brexit em dezembro. Ele também representa um desafio para May, cujo governo de minoria depende do apoio de um partido da Irlanda do Norte que resiste fortemente a qualquer separação do país do resto do Reino.
O Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês), do qual o governo de May depende para ter maioria no Parlamento, imediatamente condenou a proposta, dizendo que ela enfraquece o statos da Irlanda do Norte no Reino Unido.
Para Nigel Dodds, vice-presidente do DUP, a proposta da União Europeia criaria uma “fronteira dura” entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido. “Nós não deixamos a União Europeia para supervisionar a separação do Reino Unido”, disse.
Até o momento, tem se mostrado impossível conciliar a ausência de uma fronteira dura com a promessa de que o Reino Unido irá deixar a união aduaneira da União Europeia e seu mercado único de bens e serviços. Políticos de ambos os lados temem que a restauração de uma fronteira dura pode ameaçar a paz na ilha da Irlanda.
“Esse rascunho não traz surpresas para nossos colegas britânicos. Ele inclui a posição da União Europeia que já era conhecida”, disse Michel Barnier, o principal negociador sobre o Brexit pelo bloco. Ele disse que a União Europeia aguarda propostas ou soluções alternativas dos britânicos.
A meta é garantir que as leis econômicas na Irlanda do Norte permaneçam amplamente alinhadas com a República da Irlanda, que faz parte da União Europeia. Essa opção colocaria a Irlanda do Norte dentro do território aduaneiro da União Europeia, enquanto o resto do Reino Unido o deixaria, criando, na prática, uma fronteira aduaneira no Mar da Irlanda. Fonte: Dow Jones Newswires.