Estadão

Irmãos Joesley e Wesley Batista se reúnem com Lula pela 1ª vez após Lava Jato

Os irmãos Joesley e Wesley Batista, antigos donos da companhia alimentícia JBS, se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto nesta segunda-feira, 27. É a primeira vez que os dois são recebidos na sede do Poder Executivo desde que se afastaram da empresa em 2017, após fecharem um acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR), no bojo da Operação Lava Jato.

O encontro de Lula e os irmãos Batista nesta segunda-feira se deu durante uma agenda com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira de Frigoríficos. Acompanhado do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o petista discutiu a necessidade de doações de proteína animal para famílias atingidas pela tragédia climática no Rio Grande do Sul.

Joesley e Wesley voltaram ao Conselho de Administração da JBS em março. No mês passado, Lula cumprimentou os dois durante um evento no Mato Grosso do Sul. Na ocasião, o petista disse que os empresários são os "herdeiros primeiros", responsáveis por transformar a companhia na "maior empresa de proteína animal do mundo".

O encontro dos dois com Lula ocorre no momento em que a Lava Jato enfrenta uma nova derrocada. Em dezembro do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli suspendeu o pagamento da multa de R$ 10,3 bilhões da J&F, holding que administra a JBS.

A multa da J&F foi estabelecida após ela assinar um acordo de leniência onde admitiu a prática de corrupção e se prontificou a colaborar com as investigações da Lava Jato. A holding alega que foi coagida a assinar o acordo para "assegurar sua sobrevivência financeira e institucional" e que é preciso "corrigir abusos".

<b>Em delação, irmãos disseram que emprestaram R$ 20 milhões ao PT e grampearam Temer</b>

Na delação premiada formada em 2017, os empresários admitiram o envolvimento do grupo em atos de corrupção e pagamento de propina, no âmbito das investigações conduzidas pela Operação Lava Jato.

Joesley disse que Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), era um "abridor de portas da JBS" no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O empresário também delatou que "emprestou" US$ 20 milhões da conta corrente do PT, que chegou a ter US$ 150 milhões.

No ano passado, a 12.ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal absolveu Mantega e o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, das acusações. Segundo a Justiça, as declarações feitas por Joesley são "genéricas e vazias" e não apresentaram provas das ilicitudes cometidas pelos dois.

A delação premiada dos empresários quase derrubou o ex-presidente Michel Temer (MDB), que sucedeu Dilma. Joesley gravou uma conversa com Temer onde ele aparentemente dava aval para comprar o silêncio de potenciais delatores, como o ex-deputado Eduardo Cunha (PRD). Acusado de obstrução de Justiça, o ex-presidente foi absolvido em 2019.

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