A crise entre os governos de Espanha, Bélgica e Israel ganhou novos contornos nesta sexta-feira, 24. O estopim foram as declarações do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, sobre a situação na Faixa de Gaza, quando condenou a morte de civis por parte do exército israelense, o que foi respaldado pelo homólogo belga, Alexander de Croo. O governo de Tel Aviv reagiu às críticas, e hoje convocou os embaixadores de ambos os países "para uma dura conversa de repreensão". Ao mesmo tempo, Sánchez renovou apoio à Palestina, e indicou que Madri poderá reconhecer o Estado palestino de forma unilateral, já que a União Europeia não o faz.
"Condenamos as falsas alegações dos primeiros-ministros de Espanha e da Bélgica que apoiam o terrorismo. Israel está agindo de acordo com o direito internacional e está combatendo uma organização terrorista assassina pior do que o ISIS, que está a cometendo crimes de guerra e crimes contra a humanidade", escreveu o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, em sua conta na rede social "X". "Após a pausa, retomaremos as operações de combate até que o domínio do Hamas na Faixa de Gaza seja eliminado e todos os reféns sejam libertados", disse ainda.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reagiu à afirmação de Sánchez, que chamou o número de civis mortos de "insuportável", da seguinte maneira: "se aceitarmos e não entrarmos porque morrem civis, perdemos. Você perde. A Espanha perde. A Bélgica perde. Porque isso vai se espalhar e vocês verão isso muito em breve. O terrorismo não vai parar. Se vencerem aqui, pretendem acabar com o Oriente Médio e depois irão para a Europa. Não estou exagerando", enfatizou.
Já Sánchez, garantiu nesta sexta-feira a partir da passagem fronteiriça de Rafah, entre o Egito e o sul da Faixa de Gaza, que espera que o cessar-fogo temporário seja o "prelúdio de uma solução permanente para aplainar o terreno" e ser capaz de resolver o conflito "permanentemente". O primeiro-ministro abriu a porta para a Espanha reconhecer unilateralmente o Estado palestino se a União Europeia não se comprometer com um reconhecimento coordenado. "Chegou a hora de a comunidade internacional e a UE reconhecerem de uma vez por todas o Estado da Palestina. É algo que vale a pena, que é suficientemente importante e que a União Europeia deve fazer em conjunto. Caso não, a Espanha tomará as suas próprias decisões", sublinhou.