Estadão

Israel, EUA e Reino Unido dizem ter provas de que Irã atacou petroleiro em Omã

Três dias depois de um ataque contra um petroleiro de uma empresa israelense na costa de Omã, no Mar Arábico, os governos de Israel, Reino Unido e EUA declararam ter provas de que a ação foi realizada pelo Irã. O incidente, que deixou dois mortos, recolocou em evidência a insegurança de embarcações nos arredores do Golfo Pérsico em meio a uma guerra secreta entre Israel e Teerã.

Em comunicado, o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que "com base nas informações disponíveis", o governo americano determinou que o Irã usou um drone com explosivos para atacar o Mercer Street na quinta-feira, 29.

"Não há justificativa para este ataque, que segue um padrão de ataques e outros comportamentos beligerantes. Essas ações ameaçam a liberdade de navegação por esta via marítima crucial para a navegação e o comércio, além das vidas daqueles nas embarcações envolvidas", diz o comunicado, que sugere a adoção de "medidas apropriadas" no futuro.

O chanceler britânico, Dominic Raab, disse que esse foi um ataque "ilegal e imoral" realizado pelo Irã. "Acreditamos que este ataque foi deliberado, direcionado e uma clara violação da lei internacional por parte do Irã", disse ele neste domingo. "O Reino Unido está trabalhando com nossos parceiros internacionais em uma resposta combinada a este ataque inaceitável."

O ataque da quinta-feira passada ocorreu a cerca de 200 km da cidade portuária de Duqm, em Omã – a embarcação fazia a rota entre Dar el Salaam, na Tanzânia, e o porto de Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, quando foi atacada. Dois tripulantes, um britânico e um romeno, morreram, e o navio acabou rebocado para terra horas depois. De bandeira liberiana, o Mercer Street é controlada por uma empresa de capital israelense baseada em Londres.

A primeira acusação veio de Israel, que apontou para o Irã e defendeu medidas duras contra Teerã, que nega qualquer responsabilidade no caso. Neste domingo, o premiê israelense, Naftali Bennett, voltou a afirmar ter provas do envolvimento iraniano no caso.

"Acabei de ouvir que o Irã tenta, covardemente, mascarar sua responsabilidade sobre o tema, sobre o qual nega qualquer culpa. Posso afirmar, com absoluta certeza, que o Irã realizou o ataque contra este navio", declarou Bennett durante reunião do Gabinete ministerial neste domingo.

O caso foi mais um em uma longa lista de ataques contra navios israelenses e iranianos, em uma das faces mais visíveis do conflito indireto entre os dois países. Nos últimos meses, embarcações foram atacadas no Golfo Pérsico, Golfo de Omã, Mar da Arábia, Mar Vermelho e no Leste do Mediterrâneo – raramente um dos países assume a responsabilidade pelos incidentes.

Essa "guerra secreta" se insere no tenso contexto de segurança do Oriente Médio, agravado depois da decisão do ex-presidente Donald Trump de retirar os EUA do acordo internacional sobre o programa nuclear do Irã, um acordo que desde sua adoção, em 2015, sofre pesada oposição das autoridades israelenses.

O movimento de Trump em vários momentos quase levou a um conflito de grandes proporções entre EUA e Irã, além de confrontos indiretos na Síria e Iraque, onde milícias pró-Teerã se envolvem em confrontos com militares americanos e são alvo de ataques aéreos.

Com a chegada de Biden e a mudança de foco da diplomacia americana para a Ásia, o discurso beligerante foi amenizado, mas os ataques aéreos continuam.

Ao mesmo tempo, os signatários do acordo nuclear – Rússia, China, Alemanha, Reino Unido, França, além do próprio Irã e da União Europeia – tentam negociar o retorno dos EUA ao plano, que previa inspeções mais duras das instalações iranianas em troca do fim das sanções econômicas.

As conversas, que chegaram a obter avanços em suas primeiras reuniões, estão estagnadas, o que na prática significa a manutenção das políticas herdadas por Trump, marcadas por sanções econômicas e políticas que se assemelham a um bloqueio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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