Estadão

Israel fecha TV árabe; acordo com Hamas fica mais distante

O gabinete de guerra de Israel aprovou neste domingo, 5, o fechamento da TV Al-Jazeera, uma decisão criticada por organizações de defesa da liberdade de imprensa. Horas depois, o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, disse que aceitar as exigências do Hamas equivaleria a uma "terrível derrota", distanciando os dois lados da trégua.

O grau de animosidade piorou quando o Hamas, logo em seguida, voltou a disparar foguetes contra o sul de Israel, que respondeu fechando a passagem de Kerem Shalom, por onde o enclave palestino recebe ajuda humanitária internacional. "Cerca de dez projéteis foram disparados de uma área adjacente (à cidade de) Rafah em direção à área de Kerem Shalom. A passagem da fronteira está atualmente fechada para caminhões de ajuda humanitária", afirmou o Exército israelense, em comunicado.

Quanto à Al-Jazeera, sua presença em Israel já estava condenada desde abril, quando o Parlamento aprovou uma lei que permite a Netanyahu fechar os escritórios da emissora do Catar por 45 dias – período renovável por mais 45.

No domingo, o premiê anunciou que seu gabinete votou unanimemente pelo encerramento das atividades do grupo, que inclui site e TV. Israel acusa a Al-Jazeera de provocar agitação social. A lei israelense, no entanto, não se limita à emissora árabe e permite o fechamento temporário de qualquer organização de mídia estrangeira considerada uma ameaça à segurança nacional do país. "O canal de incitamento Al-Jazeera será fechado em Israel", anunciou Netanyahu nas mídias sociais.

O governo israelense afirmou que o ministro das Comunicações havia assinado ordens para agir imediatamente, fechar os escritórios da Al-Jazeera, confiscar equipamentos de transmissão, cortar o sinal de cabo e satélite e bloquear seus sites na internet.

<b>REAÇÃO</b>

A direção da emissora chamou as acusações de "mentira ridícula". "A Al-Jazeera Media Network condena e denuncia esse ato criminoso que viola os direitos humanos e o direito básico de acesso à informação", disse a empresa, em nota.

A Associação de Imprensa Estrangeira (FPA), que representa jornalistas na região, acusou Israel de entrar para um "clube obscuro de governos autoritários". "Este é um dia sombrio para a imprensa e para a democracia", disse a FPA, em comunicado.

Os EUA foram mais comedidos, mas se disseram preocupados com a escalada autoritária. A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que a lei aprovada pelo Parlamento israelense era "preocupante" e destacou que a liberdade de imprensa é fundamental para o governo americano.

Houve também oposição à medida dentro de Israel. O partido Unidade Nacional, liderado por Benny Gantz, que faz parte do gabinete de guerra, disse que a ordem para fechar a Al-Jazeera poderia prejudicar um acordo com o Hamas que permitira a libertação de reféns israelenses em Gaza.

Coincidentemente ou não, o acordo parecia mais distante ontem, depois que Israel e Hamas declararam profundos desacordos sobre a trégua. O Hamas exige o fim permanente da guerra em Gaza, a retirada das tropas israelenses e a volta dos deslocados às suas casas sem restrições. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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