Estadão

Israel reforça segurança em meio a onda de ataques terroristas

A forças de segurança de Israel reforçaram ontem sua presença em todo o país e nos territórios ocupados, após um atirador palestino matar cinco pessoas no quinto ataque em menos de duas semanas. O aumento da violência e os temores de mais ataques levaram o Exército a enviar reforços para a Cisjordânia ocupada, onde morava o atirador responsável pelo ataque de terça-feira. A segurança também foi reforçada também na fronteira entre Israel e Gaza.

O ataque ocorreu na véspera do Dia da Terra, comemoração palestina anual que lembra os protestos árabes de 1976 contra os esforços de Israel para expropriar terras – manifestações que ajudaram a catalisar a consciência palestina.

"Após um período de silêncio, há uma erupção violenta dos que querem nos destruir, nos ferir a qualquer preço, cujo ódio aos judeus, ao Estado de Israel, os enlouquece", disse o primeiro-ministro, Naftali Bennett, em vídeo gravado, já que ele está com covid. "Eles estão preparados para morrer – para que não vivamos em paz."

Embora ninguém tenha reivindicado a responsabilidade pelo ataque, vários grupos militantes palestinos elogiaram o atentado, incluindo um funcionário do Hamas, o grupo que administra a Faixa de Gaza. Ele disse que a ação foi uma resposta à cúpula diplomática histórica, na segunda-feira, onde chanceleres de quatro países árabes se encontraram pela primeira vez em solo israelense, uma reunião que reforçou a legitimidade regional de Israel.

<b>VIOLÊNCIA</b>

No entanto, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, rompeu com seu hábito de permanecer em silêncio após ataques terroristas em Israel e condenou o atentado, o mais recente de uma onda de violência que matou 11 pessoas em Israel, tornando março um dos meses mais letais em vários anos.

Nas últimas semanas, as autoridades manifestaram preocupação de que a violência aumente assim que o mês sagrado muçulmano do Ramadã comece, neste fim de semana. O Ramadã é frequentemente um período de tensão crescente entre palestinos e israelenses, que no ano passado acabou levando a uma guerra de 11 dias em Gaza.
Espera-se que o Ramadã deste ano seja mais tenso do que o normal, pois coincidirá com a Páscoa cristã e a Pessach (Páscoa judaica) – uma ocorrência rara que deve levar mais muçulmanos, judeus e cristãos a se reunirem em locais religiosos compartilhados em Jerusalém.

Um vídeo que circulava ontem nas redes sociais mostrava uma forte presença militar israelense na aldeia natal do atirador, perto da cidade de Jenin, na Cisjordânia. Alguns assentamentos judeus no território fecharam seus portões para trabalhadores palestinos. Mas dezenas de milhares de árabes foram autorizados a deixar a Cisjordânia para trabalhar em Israel, como de costume.

<b>GUERRA</b>

Israel capturou a Cisjordânia da Jordânia em 1967 e ocupa desde então o território. O Exército israelense mantém uma forte presença militar, em parte para manter seu controle sobre a área e proteger as centenas de milhares de colonos judeus que se mudaram para a Cisjordânia desde então.

Além disso, as forças israelenses realizam incursões diárias nos 40% do território sob controle da Autoridade Palestina. Mais de 80 palestinos foram mortos a tiros por soldados e colonos israelenses na Cisjordânia, no ano passado, e pelo menos 15 até agora neste ano, segundo a ONU.

A maioria das vítimas dos ataques palestinos recentes é judeu israelense, mas alguns também eram membros da minoria árabe de Israel, e pelo menos dois tinham passaportes estrangeiros. No atentado de terça-feira, em Bnei Brak, cidade religiosa ultraortodoxa no centro de Israel, um palestino da Cisjordânia disparou de sua motocicleta contra pedestres, matando cinco pessoas, incluindo dois cidadãos ucranianos. Não ficou claro se eles eram refugiados da guerra recém-chegados ou cidadãos de longa data de Israel e Ucrânia. O atirador foi morto pela polícia.

<b>FRAGILIDADE</b>

A onda de ataques levantou questões sobre a abordagem de Israel ao seu conflito com os palestinos. O governo de Bennett tentou fazer o que os líderes israelenses descrevem como "encolhimento" do conflito. Em vez de buscar um acordo de partição com os palestinos, o objetivo é manter as coisas quietas, tomando medidas para melhorar a economia e reduzir os atritos. No entanto, agora, em meio ao risco de mais violência, a questão palestina está mais uma vez voltando à tona e expondo as fraquezas dessa abordagem. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

Posso ajudar?