Numa dura reação à morte da estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima durante repressão a protestos em Manágua, ocorrida ontem, o governo brasileiro convocou a embaixadora da Nicarágua, Lorena Martínez, a dar explicações sobre o episódio. Além disso, chamou de volta o embaixador brasileiro naquele país, Luis Cláudio Villafagne, num gesto diplomático que expressa uma forte insatisfação.
As duas iniciativas se seguem a uma nota divulgada mais cedo pelo Itamaraty, na qual o governo brasileiro diz ter recebido com “profunda indignação” a notícia da morte da jovem e condena o uso excessivo da força e o uso de paramilitares para reprimir protestos.
Segundo o Itamaraty, Raynéia foi atingida por disparos “em circunstâncias sobre as quais está buscando esclarecimentos junto ao governo nicaraguense.” Explicações foram pedidas à embaixadora, que foi recebida hoje mais cedo pelo subsecretário-geral de América Latina e Caribe, embaixador Paulo Estivallet de Mesquita.
“Diante do ocorrido, o governo brasileiro torna a condenar o aprofundamento da repressão, o uso desproporcional e letal da força e o emprego de grupos paramilitares em operações coordenadas pelas equipes de segurança, conforme constatado pelo Mecanismo Especial de Seguimento para a Nicarágua instalado para implementar as recomendações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos”, diz a nota. “Ao repudiar a perseguição de manifestantes, estudantes e defensores dos direitos humanos, o governo brasileiro volta a instar o governo da Nicarágua a garantir o exercício dos direitos individuais e das liberdades públicas.”
A nota termina com um apelo para que autoridades nicaraguenses identifiquem e punam os responsáveis pelo “ato criminoso”.