O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinará ao menos 20 acordos com a China na visita de Estado que fará ao país asiático no fim do mês, de acordo com o Itamaraty. O número ainda pode aumentar. O objetivo da viagem, segundo o Ministério das Relações Exteriores, é aprofundar a parceria estratégica entre os dois países e retomar "contatos de alto nível" com as autoridades chinesas. Já estão confirmados na comitiva 240 empresários, de diversos setores da economia, além de representantes do Congresso.
Um dos acordos que já foram fechados com a China, e que será assinado durante a visita de Lula a Pequim, é de cooperação para o lançamento do satélite Cbers-6, capaz de fazer o monitoramento de florestas mesmo em dias com muitas nuvens no céu. Além do desenvolvimento tecnológico, os entendimentos bilaterais também incluem educação, cultura, finanças, ciência e tecnologia e protocolos sanitários para a exportação de produtos agrícolas.
As discussões contemplarão as mudanças climáticas, a transição energética e o combate à fome. De acordo com o embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, o Brasil quer ter uma relação comercial mais diversificada com a China. O País é hoje o principal fornecedor de produtos agropecuários para Pequim. Ainda que pretenda estreitar os laços bilaterais com os chineses, com mais investimentos, contudo, o governo brasileiro também tem a preocupação de fortalecer o Mercosul, segundo o secretário.
Para Saboia, a visita à China será comercial e econômica, mas também política. Durante um briefing à imprensa sobre a viagem do presidente da República, o secretário ressaltou que Lula será o primeiro mandatário a ser recebido em Pequim após Xi Jinping iniciar um novo mandato no comando do gigante asiático.
Além disso, a viagem do petista à China será a primeira fora do Hemisfério Ocidental. Desde que assumiu o terceiro mandato, ele já foi à Argentina, ao Uruguai e aos Estados Unidos. "A visita ocorre em um momento muito auspicioso, de renovação do ciclo político no Brasil e na China", disse o secretário.
"É um momento em que Brasil e China falam para o mundo. É uma relação rica, densa. Quando dois países em desenvolvimento se juntam, eles falam para o mundo", afirmou Saboia. "A China passa por uma transformação econômica. Crescimento mais voltado para a qualidade, transição para um País mais desenvolvido. Abre possibilidade para parcerias e exportação de outros produtos", emendou.
A viagem de Lula será do dia 26 ao dia 31 de março. A visita oficial de Estado, em Pequim, ocorrerá no dia 28. O petista se encontrará com o presidente chinês, Xi Jinping, com o primeiro-ministro do país asiático, Li Qiang, e com o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji. Um comunicado conjunto, com 50 parágrafos, deverá ser divulgado.
No dia 29, ainda na capital chinesa, Lula participará de um seminário para o qual são esperados entre 400 e 500 empresários. Como mostrou o <b>Estadão</b>, representantes do setor produtivo brasileiro disputam lugar na comitiva. Segundo o Itamaraty, 240 já foram confirmados, entre eles, 90 do agronegócio. No dia 30, Lula irá a Xangai, acompanhado da ex-presidente Dilma Rousseff, que dirigirá o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), popularmente conhecido como Banco dos Brics (sigla do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Para a comitiva, Lula convidou os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além de outros representantes do Congresso. Ainda não há, contudo, uma lista oficial de quem de fato irá com o petista para a China.