O ministério das Relações Exteriores da Itália anunciou nesta quarta-feira, 31, a "expulsão imediata" de dois funcionários da Embaixada da Rússia envolvidos em um escândalo de espionagem. De acordo com especialistas italianos, é o caso mais grave de espionagem envolvendo os dois países desde o fim da Guerra Fria.
"Convocamos o embaixador russo na Itália e comunicamos o firme protesto do governo italiano. Notificamos a expulsão imediata de dois funcionários russos envolvidos neste grave caso", escreveu o chanceler italiano, Luigi di Maio. "A entrega de documentos secretos é um ato hostil de extrema gravidade."
O incidente diplomático teve início na terça-feira, quando um oficial da Marinha italiana foi detido em flagrante por espionagem ao entregar documentos confidenciais a um militar russo. Segundo autoridades italianas, os dois se encontraram em uma "reunião clandestina" em Roma.
A operação ocorreu sob a supervisão do serviço de inteligência e do Estado-Maior de Defesa, onde trabalhava o espião italiano, identificado como Walter Biot, um capitão de fragata. O cidadão russo era um funcionário do escritório do adido militar da embaixada em Roma. Ele não foi oficialmente detido em razão de suas credenciais de diplomata.
"Esperamos que o caráter positivo e construtivo de nossas relações permaneça e seja preservado", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a respeito do caso. Peskov disse ainda que a presidência russa "não dispõe de nenhuma informação sobre as causas e circunstâncias" da expulsão.
Biot foi preso e pode pegar até 10 anos de cadeia. Segundo autoridades, depoimentos revelaram que ele agiu por razões econômicas. O capitão teria entregado os documentos secretos em troca de um pagamento, porque estava passando por graves problemas familiares. O dinheiro teria sido encontrado dentro de várias caixas.
As funções do capitão de fragata italiano, dentro do Estado-Maior de Defesa, lhe permitiam ter acesso a várias informações estratégicas sobre as atividades da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O escândalo ocorre em um momento delicado para as relações entre Rússia e União Europeia, tensas em razão da detenção do opositor Alexei Navalni e por outros casos recentes de espionagem. Moscou acusa a União Europeia de adotar uma "posição de conflito", enquanto os europeus culpam a Rússia por violação dos direitos humanos, assim como por frequentes "ataques cibernéticos" contra os países do bloco. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>