Economia

Itaú, Bradesco e Santander preveem mais calotes

Depois da materialização do desemprego nos calotes das pessoas físicas, os grandes bancos privados reforçaram suas provisões para devedores duvidosos no terceiro trimestre, antevendo tempos ainda mais difíceis. O índice de cobertura ultrapassou níveis históricos, com Bradesco e Itaú Unibanco reservando mais de R$ 2 para cada real emprestado em atraso e apoiando-se ainda mais nas receitas com serviços e seguros.

Apesar de o crédito seguir com desempenho tímido, o aumento dos spreads e dos juros contribuíram para que os lucros dos três grandes bancos privados subisse no terceiro trimestre. Juntos, Itaú, Bradesco e Santander Brasil tiveram lucro líquido contábil de R$ 11,8 bilhões de julho a setembro, avanço de 9,6% sobre o mesmo período de 2014. Ajustado, o resultado foi de quase R$ 12 bilhões, com alta de 19,8%.

A tendência, porém, pode estar com os dias contados. Diante do marasmo econômico e da alta do desemprego, os bancos preveem mais atrasos das pessoas físicas e das pequenas e médias empresas. Alguma melhora no ambiente econômico – o que levaria a uma melhora do ambiente de crédito – só viria no segundo semestre de 2016, na opinião de executivos.

“Enquanto não tiverem clareza em relação ao comportamento da economia, empresas e pessoas físicas continuarão mais cautelosas e postergando decisões de investimento e consumo”, disse Marcelo Kopel, diretor de relações com investidores do Itaú Unibanco.

Essa falta de clareza foi o pano de fundo para os bancos privados elevarem suas provisões para o terceiro trimestre ainda que Itaú e Santander Brasil tenham registrado inadimplência estável no período, graças ao benefício cambial. Aproveitaram, contudo, o ganho contábil com o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para se resguardarem para o futuro. Analistas projetam, no pior cenário, queda de dois dígitos nos resultados do próximo ano, considerando o cenário atual e ainda o aumento do tributo.

Antecipando-se a este ambiente, o Itaú aumentou seu saldo de provisões em mais de R$ 6 bilhões no terceiro trimestre, na comparação com o segundo. No Bradesco, foram quase R$ 5 bilhões, enquanto o Santander elevou seu colchão em cerca de R$ 600 milhões. Com os reforços, o saldo de provisões conjunto dos grandes bancos privados brasileiros foi a R$ 78,5 bilhões, alta de 12,7% em um ano.

Crédito.

Em termos de crédito, os grandes bancos privados tiveram um reforço do câmbio. Itaú divulgou crescimento de 10% no terceiro trimestre, na comparação com 2014. No Santander, a alta foi de 13,4%; no Bradesco, de 6,8%.

O aumento das margens nos próximos trimestres também deverá ser menor, já que o mercado espera que a taxa Selic continue estável. Haverá, porém, um impulso adicional do crédito consignado do INSS.

Após quase uma década, o governo autorizou o aumento dos juros máximos cobrados na modalidade. Com isso, o Bradesco deve ter impacto positivo de R$ 400 milhões após rolar toda a sua carteira de cerca de R$ 20 bilhões, diz Eduardo Rosman, do BTG Pactual.

O banco diz, no entanto, que o impacto ainda não foi calculado. O Itaú também está fazendo as contas. Segundo Kopel, dos R$ 45,7 bilhões da carteira do banco, a modalidade representa 61%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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