O Itaú Unibanco vai manter ao longo de 2016 sua estratégia de ênfase na expansão internacional e consolidação de sua posição na América Latina, de acordo com o presidente executivo do banco, Roberto Setubal. Apesar do cenário econômico desafiador, segundo ele, a instituição conseguiu entregar em 2015 resultados “bastante sólidos”.
Em 2015, o lucro líquido do Itaú totalizou R$ 23,360 bilhões, aumento de 15,40% em relação aos R$ 20,242 bilhões registrados em 2014. “Continuamos confiantes em nossa capacidade de entregar resultados consistentes”, ressaltou Setubal, em nota à imprensa.
No contexto de fortalecer sua posição na América Latina, o Itaú destaca que a fusão do Banco Itaú Chile com o CorpBanca, aprovada em setembro de 2015 e a ser concretizada possivelmente no primeiro semestre de 2016, consolida a estratégia do banco de expandir sua presença na região. “Essa transação coloca o banco em posição de destaque no Chile e na Colômbia, e a criação dessa plataforma bancária nesses dois países gera oportunidades de negócios em toda a região”, acrescenta a instituição.
O Itaú informa ainda, em nota, que além do crescimento via fusões e aquisições, busca crescimento orgânico. Em dezembro, a instituição adquiriu a participação de 81,94% no capital da Recovery, empresa especializada na cobrança de créditos em atraso do BTG Pactual, e cerca de 70% de um portfólio de R$ 38 bilhões em direitos creditórios relacionados às atividades de recuperação de carteiras. O banco adquiriu ainda, em outubro último, 50% do capital da ConectCar, facilitadora de pagamentos eletrônicos em pedágios, postos de gasolina e estacionamentos.
Em relação à estratégia digital, o Itaú informa, em nota, que no ano passado o número de transações digitais já correspondia a 67% do total de transações, o que fez com que o banco priorizasse ao longo de 2015 a abertura das agências digitais. Com isso, triplicou a quantidade de agências digitais.
Inadimplência
O índice de inadimplência do Itaú Unibanco, considerando atrasos acima de 90 dias, piorou 0,2 ponto porcentual ao final de dezembro ante setembro, para 3,5%. Em um ano, quando o indicador estava em 3,1%, o aumento nos calotes chegou a 0,4 p.p..
A piora da inadimplência foi impulsionada pelas pessoas físicas, cujos calotes, levando em conta atrasos de mais de 90 dias, avançaram de 5,1% em setembro para 5,4% em dezembro. Em um ano, estavam em 4,7%. Seguindo na contramão, os calotes do segmento pessoa jurídica recuaram 0,1 p.p. no quarto trimestre ante o terceiro, para 1,9%. Em 12 meses, foi vista alta de 0,1 p.p..
O Itaú informa, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que ao final do quarto trimestre de 2015, transferiu ativos com empresa ligada, sem retenção de risco, com menor perspectiva de recuperação, relativos a grupos econômicos específicos. “Caso não as tivéssemos realizado, o índice de inadimplência acima de 90 dias da carteira total e da carteira de pessoas jurídicas teriam atingido 3,7% e 2,3%, respectivamente, em dezembro de 2015”, acrescenta o banco.
No quarto trimestre, a instituição transferiu R$ 1,249 bilhão em ativos financeiros em função de uma menor expectativa de recuperação, para empresa ligada, por R$ 301 milhões, conforme laudo de avaliação. Esta operação gerou um impacto negativo no resultado antes de impostos de R$ 15 milhões. Adicionalmente, foi constituída provisão no montante de R$ 17 milhões e o efeito negativo combinado no lucro líquido foi de R$ 17 milhões.
O banco também transferiu R$ 946 milhões em ativos para empresas não ligadas, relacionados, principalmente, às carteiras em dia de crédito universitário das operações no Chile. Tal movimento gerou impacto positivo no lucro líquido de R$ 45 milhões. “Adicionalmente, vendemos carteiras em prejuízo. Esta operação trouxe um impacto positivo no lucro líquido de R$ 29 milhões no quarto trimestre de 2015”, informa ainda o banco.
A inadimplência de curto prazo do Itaú, que compreende atrasos entre 15 e 60 dias, teve redução de 0,4 p.p. no quarto trimestre ante o terceiro, para 2,6%. Em um ano, subiu 0,1 p.p.. Na pessoa física, o indicador fechou dezembro em 3,8% ante 4,1% em setembro e mesmo índice em um ano. Já na pessoa jurídica, os calotes foram a 1,6% ante 2,0% e 1,5%, respectivamente.
Provisões
As despesas com provisões para devedores duvidosos do Itaú, as chamadas PDDs, totalizaram R$ 6,116 bilhões de outubro a dezembro, cifra 32,6% maior em um ano, de R$ 4,614 bilhões. Na comparação com os três meses anteriores, quando a cifra foi de R$ 5,747 bilhões, foi identificado incremento de 6,4%.
No ano passado, as despesas com PDDs do Itaú alcançaram R$ 22,898 bilhões, aumento de 26,7% em relação aos R$ 18,071 bilhões em 2014. Já o resultado, que considera créditos recuperados, totalizou R$ 18,129 bilhões, elevação de 39,2%, na mesma base de comparação.
O saldo de PDDs da instituição totalizou R$ 34,078 bilhões no quarto trimestre, aumento de 26,5% ante os R$ 26,948 bilhões registrados um ano antes. Em relação aos três meses anteriores, quando estava em R$ 34,193 bilhões, foi vista queda de 0,3%.
Despesas não decorrentes
As despesas não decorrentes de juros do Itaú Unibanco totalizaram R$ 11,119 bilhões no quarto trimestre de 2015, aumento de 9,9% ante um ano. Na comparação com os três meses anteriores, foi vista alta de 1,9%.
O Itaú explica, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que o crescimento decorre basicamente dos aumentos de 4,8% das despesas administrativas e de 8,5% dos gastos operacionais, compensados, parcialmente, pela redução de 2,2% das despesas de pessoal.
Em 2015, as despesas não decorrentes de juros do Itaú somaram R$ 41,885 bilhões, expansão de 8,8% em 2015 ante 2014, em linha com o intervalo estimado, de expansão de 7,0% a 10,0%. Desconsiderando-se as operações no exterior, as despesas do Itaú teriam aumentado 6,2%.
As despesas de pessoal do Itaú totalizaram R$ 4,899 bilhões no quarto trimestre, alta de 10,7% em um ano e queda de 2,2% no comparativo trimestral. Os gastos administrativos somaram R$ 4,558 bilhões, aumentos de 7,2% e 4,8%, respectivamente. As despesas operacionais foram a R$ 1,530 bilhão, elevação de 20,2% e 8,5%, nesta ordem e na mesma base de comparação.
O número de colaboradores do Itaú reduziu de 91.437 ao final do terceiro trimestre de 2015 para 90.320 ao final do quarto trimestre de 2015. Em um ano, o total de funcionários foi diminuído em 2.855. O banco fechou dezembro com 4.985 agências 27 unidades a menos que em setembro e 85 menos em um ano.