Economia

Itaú Unibanco prevê avanço do crédito de no máximo 7% em 2015

O Itaú Unibanco revisou, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras do primeiro trimestre, as expectativas de desempenho para 2015. Tal movimento não era esperado por analistas já que mudanças nos guidances (projeções) ocorrem, geralmente, após os resultados do segundo trimestre, quando as instituições já têm mais indicativos do comportamento do ano.

A carteira de crédito total do Itaú deve crescer de 3% a 7% e não mais de 6% a 9% como previsto anteriormente. Já as despesas com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, devem ser maiores. O banco espera que esses gastos fiquem entre R$ 15 bilhões e R$ 18 bilhões e não mais entre R$ 13 bilhões e R$ 15 bilhões.

Também devem ser maiores, conforme o Itaú, as despesas não decorrentes de juros. O banco espera que esses gastos cresçam de 7,0% a 10,0% neste ano. Anteriormente, a projeção era de aumento de 6,5% a 8,5%.

A boa notícia veio em relação à margem financeira gerencial. O Itaú projeta aumento de 14,5% a 17,5% no indicador ante alta de 10% a 14% inicialmente. Também foi elevada para cima a expectativa para as receitas de serviços e resultado de seguros. O banco espera expansão de 9,5% a 11,5% e não mais de 9% a 11%.

O Itaú explica, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que, embora os planos de crescimento e projeções de resultados sejam baseados em premissas da administração e em informações disponíveis no mercado até o momento, tais expectativas envolvem imprecisões e riscos difíceis de serem previstos. É possível, com isso, conforme o banco, que ocorram resultados ou consequências que diferem das metas anunciadas.

Margem financeira gerencial

A margem financeira gerencial do Itaú Unibanco totalizou R$ 15,963 bilhões no primeiro trimestre, aumento de 27,8% ante um ano, quando era de R$ 12,488 bilhões. Em relação aos três meses imediatamente anteriores cresceu 8,6%.

Do total no primeiro trimestre, a margem financeira com clientes respondeu por R$ 14,092 bilhões, elevação de 18,7% em um ano e de 3,0% ante o trimestre anterior. Dessa cifra, R$ 12,166 bilhões são sensíveis a spreads e R$ 1,926 bilhão a juros.

“Esse aumento (da margem no trimestre) ocorreu em função do mix de produtos e spreads do trimestre atual, além do maior volume de operações sensíveis a spreads, que mais do que compensaram o efeito negativo do menor número de dias corridos no período”, explica o Itaú, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras.

A margem financeira do banco com mercado, que decorre, basicamente, das operações com tesouraria, somou R$ 1,871 bilhão, aumento de 204,9% em um ano e de 83,7% em relação ao trimestre anterior. Segundo o banco, tal desempenho ocorreu devido ao maior resultado no gerenciamento das posições de trading e estruturais no Brasil e no exterior.

A taxa anualizada da margem financeira gerencial com clientes do Itaú (Net Interest Margin – NIM), que não considera a margem financeira com o mercado, teve queda de 0,1 ponto porcentual ao final de março ante dezembro, para 9,6%. Em um ano, subiu 0,7 p.p. No conceito ajustado ao risco, após provisões para devedores duvidosos e líquida de recuperação de créditos, o indicador recuou de 7,3% em dezembro para 6,6% em março. Em 12 meses, ficou estável.

A NIM de crédito (spread bruto) do Itaú subiu 0,1 p.p. em março ante dezembro, para 11,1%. Em um ano, aumentou 0,2 p.p. No conceito ajustado ao risco (spread líquido), a NIM declinou 1,0 p.p., para 6,9%. Em um ano, a queda foi de 0,6 p.p.

Índice de Basileia

O Itaú Unibanco registrou índice de Basileia consolidado operacional de 15,3% no primeiro trimestre, indicador 1,6 ponto porcentual menor que o registrado nos três meses imediatamente anteriores, de 16,9%. Em um ano, quando estava em 15,6%, a retração foi de 0,3 ponto porcentual. Apesar da retração, o indicador está acima do mínimo exigido pelo Banco Central, de 11%, e mede quanto o banco pode emprestar sem comprometer o seu capital.

A queda de Basileia se deveu, segundo o Itaú, ao andamento do cronograma de implantação de Basileia III, com impacto de 1,0 ponto porcentual, distribuição de juros sobre capital próprio, variações no ativo ponderado por risco e o aumento do saldo de crédito tributário de prejuízo fiscal e base negativa de contribuição social. “Esses efeitos negativos foram compensados em parte pela acumulação de lucros e a adoção do consolidado prudencial”, justifica o banco, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras.

O Itaú informa, no documento, que a partir do primeiro trimestre de 2015, o patrimônio de referência e os ativos ponderados pelo risco passam a ser reportados no conglomerado prudencial, que incorpora instituições financeiras presentes no consolidado operacional (vigente até dezembro de 2014) e também as instituições assemelhadas como administradoras de consórcio, instituições de pagamento e outras.

Do índice de Basileia total no primeiro trimestre, 11,6% correspondeu ao capital de nível I ou de melhor qualidade, com queda de 0,9 ponto porcentual em relação ao quarto trimestre. Em um ano, porém, subiu 0,5 p.p. O capital de nível II foi de 3,7% no primeiro trimestre, menor que os 4,4% e 4,5% registrados nos três meses anteriores e em um ano, respectivamente.

O Itaú também divulgou uma estimativa para o índice considerando as novas regras de capital, batizadas de Basileia III. Caso o banco as aplicasse integralmente, considerando a base de capital atual, o capital principal (Common Equity Tier I) seria de 11,4% ao final de março ante 11,9% nos três meses anteriores.

O patrimônio de referência do Itaú totalizou R$ 120,903 bilhões no primeiro trimestre, redução de 6,8% ante os R$ 129,790 bilhões registrados nos três meses anteriores. Em um ano, porém, aumentou 3,7%. O nível I correspondeu a R$ 91,501 bilhões e o Nível II a R$ 29,402 bilhões.

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