Líderes políticos italianos realizavam discussões neste sábado visando um acordo para eleger o próximo presidente da Itália. O clima parecia estar apontando para o presidente Sergio Mattarella, que, no entanto, já indicou não querer servir um segundo mandato como chefe de Estado.
Membros do Parlamento e delegados regionais votaram hoje pela sétima vez desde que a votação para um chefe de Estado começou, no início da semana. Vários líderes partidários disseram que seus legisladores iriam se abster ou votar em branco, efetivamente derrubando qualquer chance de que a rodada rendesse pelo menos 505 votos para qualquer candidato, a maioria necessária para a vitória.
Rodada após rodada de votações infrutíferas desde segunda-feira deixaram claras as profundas rivalidades entre os partidos da ampla coalizão do primeiro-ministro Mario Draghi, formada há praticamente um ano para liderar a Itália na pandemia e a ajudar a se recuperar economicamente, graças a bilhões em fundos prometidos da União Europeia. Reunir rivais e até mesmo aliados para apoiar um nome para presidente até agora provou ser difícil.
Um dia depois de um candidato do bloco de centro-direita ficar muito aquém da maioria de votos necessária para assumir a cadeira de presidente, o líder de direita Matteo Salvini disse que Mattarella deveria reconsiderar sua recusa de um segundo mandato de sete anos.
Na votação na noite desta sexta-feira, Mattarella recebeu o maior número de votos, apesar de sua insistência nas últimas semanas de que considera ter encerrado sua função, em grande parte cerimonial.
"Achamos que não é mais sério continuar com não e vetos cruzados", disse Salvini, que lidera o partido anti-imigrante Liga e tem ambições de ser o próximo primeiro-ministro do país. Ele disse que era hora de "dizer ao presidente para reconsiderar".
Sem citar fontes, a TV estatal Rai informou que Draghi estava entrando em contato com vários líderes políticos para apoiar Mattarella. Existe o risco de que um impasse prolongado nas eleições e o espetáculo de disputas políticas enquanto o país luta contra a pandemia de covid-19 possa prejudicar a credibilidade internacional da Itália, que o governo de Draghi reforçou.
Na última rachadura entre os aliados, a líder do partido Irmãos da Itália, de extrema direita, Giorgia Meloni, atacou rapidamente o lobby de Salvini por Mattarella. "Salvini propõe que todos vão implorar a Mattarella para ter outro mandato como presidente da república", tuitou. "Eu não quero acreditar nisso."
Como única grande líder de partido na oposição, Meloni indicou que ficaria feliz em ver Draghi se tornar presidente. Isso liberaria o gabinete do primeiro-ministro e possivelmente criaria instabilidade política suficiente para desencadear as eleições antecipadas que ela deseja.
Enquanto a disputa pública se desenrolava, os esforços nos bastidores se baseavam em encontrar um candidato que pudesse ajudar a unificar a nação estando acima da briga política.
Um nome elogiado por semanas foi o do senador Pier Ferdinando Casini, mas as várias identidades políticas parecem colidir com a imparcialidade exigida de um chefe de Estado. No início de sua carreira, ele foi um forte aliado do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, um conservador. Mas Casini também formou seu próprio partido centrista pró-católico, e a cadeira no Senado que ele ocupa atualmente foi conquistada em uma chapa que inclui os democratas, o maior partido de esquerda da Itália.