“Quando for fazer uma prova na escola, filho, ou passar por uma entrevista de emprego, chupe antes uma bala para se acalmar”, dizia Brasília Monta Raposo, minha avó materna, nascida na Terra em 1899; e no Céu, 75 anos depois. Faz muitos anos que eu não fico nervoso, vovó, mas jamais me esqueci do seu sábio conselho.
Brasília tinha vasto repertório de frases feitas. Uma delas é-me útil todos os dias: “Melhor prevenir do que remediar”. Quanta riqueza nessas palavras; quantos erros eu poderia ter evitado se tivesse praticado esse ensinamento. Eu sei que a frase não era dela, mas foram seus lábios que primeiro a pronunciaram para mim. Onze anos era a minha idade, quando vovó viajou para o mundo espiritual.
Ela também me orientava a olhar para os dois lados antes de atravessar a rua. Na época, ainda não havia os drones. Olhar para cima, portanto, era desnecessário. Mas, o que tenho notado é que os pedestres não têm respeitado essa simples orientação no dia a dia. Do ponto de vista de quem guia o veículo, fica a impressão de que as pessoas tomam a decisão de atravessar a rua, fora da faixa de segurança, e seguem em frente sem hesitações – muitas vezes, olhando tão-somente para a tela do celular.
Por essa e por outras imprudências é que nós observamos diariamente muitos brasileiros retornarem mais cedo para a Casa, desperdiçando a grande oportunidade de evolução que a vida neste plano nos oferece. Na série, Kung Fu, exibida pela TV entre 1972 e 1975, e estrelada por David Carradine, foi dito que “ninguém morre pela prudência”.
Nas estradas paulistas, boa parte dos atropelamentos ocorre próximo às passarelas. O que justifica tanta pressa? “Mais vale perder um minuto na vida, do que a vida em um minuto”. No tempo da minha avó Brasília, esse provérbio já era uma verdade inquestionável. E continua sendo… ‘Quando um não quer, dois não brigam’; ‘onde há fumaça, há fogo’; ‘mais vale o gosto do que dinheiro no bolso’.