O maior velocista que o mundo já viu se despediu dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro da forma que sempre sonhou: eternizado. Depois de defender os títulos nos 100 metros e dos 200 metros, o jamaicano Usain Bolt sagrou-se tricampeão com a Jamaica no revezamento 4x100m nesta sexta-feira, no Engenhão, e conquistou a sua nona medalha de ouro olímpica. É o primeiro atleta da história a atingir tal feito.
Com a nona dourada, Bolt iguala a marca histórica de Paavo Nurmi, o Finlandês Voador, que é considerado o atleta mais bem-sucedido no atletismo nos 120 anos da era moderna dos Jogos. A antecessor ganhou 12 medalhas olímpicas – nove ouros e três pratas – em provas de longa distância. Além disso, o jamaicano ficou em pé de igualdade com o Carl Lewis. O americano também foi ao lugar mais alto do pódio nove vezes, mas quatro foram pelo salto em distância, entre 1984 e 1996.
Para a final do revezamento, a Jamaica contou com o reforço de Usain Bolt e Yohan Blake, que não disputaram as eliminatórias. Mas não foi só a equipe da ilha do Caribe que entrou mais forte na final. Os Estados Unidos escalaram Mike Rodgers, Justin Gatlin, Tyson Gay e Trayvon Bromell, que acabaram surpreendidos pelos japoneses. A estratégia não deu certo porque a equipe foi desclassificada ao fim da prova, por invadir a raia jamaicana no último trecho do revezamento.
Com o tempo 37s27, a equipe jamaicana faturou a medalha de ouro. O Japão (37s60) surpreendeu ao faturar a prata, com 37s62. Já o Canadá herdou um lugar no pódio, com a desclassificação americana. Com a marca de 37s64, a equipe de Andre de Grasse, prata nos 200 metros, faturou o bronze.
O Brasil – formado por Ricardo de Souza, Vitor Hugo dos Santos, Bruno de Barros e Jorge Vides – cruzou a linha de chegada em oitavo e último lugar, com 38s41. Mas ficou em sexto na classificação final, graças às desclassificações dos EUA e da equipe de Trinidad e Tobago.
CONCORRÊNCIA – Pela primeira vez na Olimpíada, Bolt não foi o mais aplaudido ao entrar no estádio para uma prova. A presença da equipe brasileira no revezamento roubou a preferência do público, como era de se esperar. Isso se repetiu quando os times foram anunciados na raia quatro e o Brasil, na dois. No fim da prova, ele olhou de lado para conferir o tempo, mas não sorriu. De novo, mostrou o rosto tenso.
Bolt é uma estrela individual, mas sabe jogar em equipe. Logo após a chegada, ele foi imediatamente para a arquibancada, mas fez questão de voltar e cumprimentar inicialmente Asafa Powell e depois os outros companheiros. Só começou a festa quando chegaram os quatro jamaicanos. Aí, foi tudo feito pelos quatro, até a dancinha de comemoração, em conjunto. A torcida brasileira se rendeu, nem lamentou a performance brasileira, e saudou não apenas um, mas todos os jamaicanos campeões.
Na eliminatória, a Jamaica tinha ficado devendo. O quarteto, formado por Jevaughn Minzie, Asafa Powell, Nickel Ashmeade e Kemar Bailey-Cole, foi superado pelos japoneses na segunda bateria e terminou em 5º lugar geral, com o tempo 37s94. Mesmo sem Justin Gatlin, a equipe dos Estados Unidos havia sido a mais rápida (37s65). O Brasil também havia avançado com a última posição.