A secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, afirmou nesta segunda-feira, 5, que vai pressionar líderes internacionais a apoiarem a recuperação econômica global durante a reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), que começa nesta data. Em evento virtual do <i>Chicago Coucil of Public Affais</i>, a ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) ainda revelou que pretende abordar questões relacionadas às mudanças climáticas e ao combate à desigualdade durante a cúpula.
"Precisamos pressionar todos os parceiros a fazer sua parte para apoiar uma forte recuperação econômica global, a ampliar a cobertura vacinal contra a covid-19 e a ampliar o acesso a financiamento para economias mais pobres do mundo. Peço a nossos parceiros: mantenham um amplo apoio fiscal", declarou Yellen, no painel. "Depois de ficar quatro anos de lado, os Estados Unidos se comprometeram a fazer sua parte. Estamos trabalhando para garantir que os riscos climáticos sejam integrados ao sistema financeiro", acrescentou.
O Tesouro americano lidera um grupo dentro do G-20 que estuda formas de transição para uma economia mais sustentável e digitalizada.
Ainda sobre sistema financeiro, Yellen falou sobre a necessidade de mitigar riscos ainda existentes no segmento, especialmente em instituições não bancárias, como forma de garantir amplo financiamento aos cidadãos durante períodos de crise. A secretária do Tesouro também afirmou que está trabalhando para criar uma reserva de US$ 650 bilhões para membros do FMI, que poderia ser utilizada como um colchão de liquidez em momentos de crise.
Em uma crítica indireta ao ex-presidente Donald Trump, Yellen defendeu o multilateralismo e declarou que pensar a "América primeiro" não significa pensar a "América sozinha". Trump tinha o bordão "<i>America first</i>", ou "América primeiro" como uma das bases do pensamento de seu governo.
"Para os EUA crescerem, nossos vizinhos precisam prosperar, também, porque geram demanda por exportações e criam empregos aqui", declarou a secretária do Tesouro.
Ela também criticou, ainda indiretamente, o combate à pandemia na gestão republicana. "Não respondemos à covid-19 suficientemente bem no ano passado".
Apesar dos acenos ao multilateralismo, Yellen fez comentários sobre as relações com a China, país que frequentemente está envolto em tensões com Washington. "Nossa relação será competitiva onde precisar ser, colaborativa onde possível e adversária onde necessário", destacou, sem dar detalhes sobre o futuro da política comercial americana em relação à nação asiática.
O governo de Trump foi marcado por retórica beligerante com Pequim, com imposição de tarifas a importações, mas analistas não esperaram que o governo Biden arrefeça de modo substancial a pressão sobre os chineses.