Estadão

JCB vai investir R$ 500 milhões para dobrar de tamanho no País

Terceira no ranking mundial de fabricantes de máquinas da linha amarela (utilizadas em setores como construção civil e em serviços como de terraplenagem), a companhia inglesa JCB, que está no Brasil desde 2001, vislumbra um cenário promissor para expandir seus negócios no País até o fim da década. Com atuação na América Latina, a subsidiária brasileira vai investir R$ 500 milhões em cinco anos na região para dobrar de tamanho.

"É um dos maiores investimentos que estamos fazendo em nossas operações na região; acabamos de investir R$ 120 milhões de um programa de 2021", diz Adriano Merigli, presidente da JCB na América Latina, no cargo desde fevereiro de 2023. Ele trouxe para a empresa a experiência de 29 anos de carreira na sueca Volvo, passando pelos negócios de caminhões, máquinas e financeiro.

O objetivo é elevar a produção de 5 mil para 10 mil máquinas no período, informa o executivo. No ano passado, o mercado brasileiro para linha amarela foi de 31 mil unidades, e a previsão é crescer 5% agora em 2024. A vendas da JCB no Brasil representam 70% do total da região, e essa participação deverá ser mantida. "O México está bem, vemos perspectivas de melhoria na Argentina e em outros países, como Chile e Colômbia", diz Merigli.

O plano prevê que a maior parte do dinheiro, R$ 360 milhões, será usada na expansão de suas operações. Desse valor, R$ 150 milhões serão aplicados na modernizada da fábrica localizada em Sorocaba (SP). Para desenvolver novos produtos e nacionalizar alguns equipamentos, R$ 50 milhões. Na rede de distribuição, hoje com 70 filiais, serão gastos mais R$ 50 milhões.

"Vemos uma grande oportunidade para dobrar de tamanho, manter a participação de mercado e elevar as vendas de alguns produtos", afirma Merigli. O carro-chefe da empresa no País é a retroescavadeira, máquina desenvolvida pela JCB em 1953. A empresa lançou também o manipulador telescópico. A fábrica de Sorocaba, onde são fabricados componentes e peças e são montadas as máquinas, foi erguida em 2012.

Merigli explica que o cliente da JCB, por exemplo, de Mato Grosso, recebe o equipamento pronto para operar. A empresa atua com 30 tipos de máquinas, dos quais seis modelos ainda são importados devido à falta de escala local para fabricação. São importados de unidades da Inglaterra, Índia e EUA.

<b>PERFIL</b>

De controle familiar e com 78 anos de fundação, a JCB fabrica 300 modelos de máquinas em suas 24 unidades industriais espalhadas em quatro países – 15 na Inglaterra, sete na Índia, onde tem 70% de participação de marcado, uma nos EUA e uma no Brasil.

No Brasil, a JCB concorre com as americanas Caterpillar e John Deere, a chinesa XCMG, a japonesa Komatsu e a italiana Case New Holland. Segundo o executivo, a fabricante é líder de vendas de retroescavadeiras, cuja família de produtos responde por um terço do mercado nacional. "O foco do nosso investimento é na linha de máquinas pesadas (pás carregadeiras e escavadeiras), segmentos onde temos participação de 5% cada um."

Os grandes mercados de atuação da empresa são a construção pesada (40%), o agronegócio (25%) e empresas de locação de equipamentos (20%), além de vendas para os segmentos florestal e industrial e para o governo (em licitações de prefeituras, Estados e ministérios). A JCB prevê crescimento de vendas de 10% neste ano, atingindo cerca de 3,8 mil máquinas no mercado brasileiro. No ano passado, o segundo melhor da companhia, foram comercializadas 2,5 mil máquinas.

Sobre a decisão de investir meio bilhão de reais no País num momento em que a economia mostra alguns solavancos e o agronegócio vive uma queda de preços dos grãos, o executivo afirma que o grupo britânico toma decisões de longo prazo. "Já vivemos vários ciclos de altos e baixos na América Latina", comenta. O investimento será bancado com capital da própria JCB.

Merigli informa ainda que a companhia está testando máquinas de pequeno porte elétricas no Brasil. "Estamos prontos para trazer ao País." Na Europa, diz, já existem mais de mil máquinas em operação, em linha com o conceito de descarbonização mundial, partindo para a eletrificação de equipamentos menores.

Para os equipamentos de maior porte, a JCB decidiu optar pelo motor a combustão interna a hidrogênio. Já há 78 modelos de máquinas em validação na Inglaterra com esse tipo de combustível.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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