Quando Jean-Michel Jarre ajudou a criar a música eletrônica, nos anos 70, seu som foi revolucionário. Agora que o gênero se estabilizou e é parte da cultura pop, Jarre tenta rastrear esta evolução. Em um álbum que será lançado nesta sexta-feira, 16, – primeiro conteúdo novo de Jarre em oito anos -, o artista francês convoca colegas que considera fundamentais para a música eletrônica e os reuniu em estúdios para exibir seus estilos únicos.
Electronica 1: The Time Machine, que será seguido por um volume dois no ano que vem, contém composições de Jarre com artistas plurais, como os trip-hop Massive Attack e Vince Clark, a sensação do synth-pop Erasure, além do DJ Moby e Pete Townshend. Jarre, ansioso para falar filosoficamente sobre sua música e atualizado acerca das últimas tendências, zomba da ideia de seu álbum ser apenas um pout-purri de celebridades, que é atualmente a fórmula da indústria para lançar “singles pegajosos”.
Na maioria dessas colaborações, “alguém enviou um arquivo para outro alguém completamente desconhecido e tudo aconteceu de maneira abstrata, às vezes mais por razões de mercado do que por qualquer outro motivo”, disse Jarre.
“Para este projeto tomamos por base a ideia de viajar fisicamente para nos conhecer, unir nossos DNAs no estúdio, e não através de representantes ou advogados”, explicou. Jarre afirmou que elegeu para seu álbuns artistas “que têm um elemento atemporal, esse tipo de som orgânico que se reconhece instantaneamente”.
O músico se tornou uma sensação internacional com seu álbum de 1976 Oxygene, que contém seis faixas baseadas em sintetizadores melódicos e gravadas em casa. Logo atraiu enormes multidões a suas elaboradas atuações cheias de efeitos de luz. Seu show de 1997 para celebrar o 850° aniversário de Moscou atraiu 3,5 milhões de pessoas e foi transmitido ao vivo na estação espacial russa.
Aos 67 anos, Jarre passou a maior parte das últimas quatro décadas trabalhando sozinho em seu estúdio nos subúrbios de Paris, rodeado por computadores, teclados e outros instrumentos de sua carreira, exceto sua famosa “harpa laser”.
Para a faixa mais importante do álbum, Jarre viajou à Áustria para trabalhar com Tangerine Dream, o grupo alemão também pioneiro da música eletrônica nos anos 1970.
O líder de Tangerine Dream, Edgar Froese, morreu em janeiro aos 70 anos e seu trabalho com Jarre é o último de sua carreira. A música Zero Gravity remonta aos clássicos tanto de Tangerine Dream quanto de Jarre, com suas progressões eletrônicas estáveis que se transformam em um tipo diferencial de “música ambiente”.