Variedades

Jerry Paper vem a São Paulo para duas apresentações

Da ensolarada califórnia, Lucas Nathan se mudou para Nova York aos 18 anos. “Era claustrofóbico”, ele lembra, ao telefone. Ali, fechado em seu apartamento, deixou nascer a persona de Jerry Paper, o músico psicodélico, amalucado, que senta ao teclado, vestindo um robe há pouco mais de dez anos. De volta ao Estado da costa oeste norte-americana há quatro meses, por diferentes razões sobre as quais não entrou em detalhes, ele já se preparava para a primeira aventura pelo Brasil.

O artista chega, com robe e teclado, e ao lado do artista Jason Harvey, responsável pelas projeções no fundo do palco, para duas noites de shows em São Paulo. Ele se apresenta no Sesc Pompeia, nas noites de sexta, 8, e sábado, 9. Em cada uma delas, ele estará acompanhado de uma banda nacional. Nuven toca na primeira delas e o duo PARATI, na segunda.

Como toda boa banda de um homem só, Lucas (ou Jerry) administra a própria página oficial do Facebook. E numa rápida olhadela por lá, é possível ver divertidas interações dele com fãs brasileiros, que pedem, em português, por uma turnê maior, passando por outras cidades do País. Ele responde em inglês, mas garante ter certo conhecimento da cultura daqui. “Eu amo Marcos Valle”, ele garante. “E o outro, por favor, não repare na minha incapacidade de falar o nome dele”, diz Jerry, antes de murmurar Arthur Verocai. “Ele é incrível.”

Antes de se tornar Jerry Paper, Lucas conduzia outro projeto, chamado Zonotope, ainda mais experimental e espacial. Com ele, lançou quatro discos, depois compilados em uma coletânea que saiu em 2012. Já com o alter ego, ele deixa sua música cada vez mais palatável, embora igualmente viajante. “Como eu não queria lidar com o mundo de Nova York, acho que o Jerry apareceu”, ele conta. “De alguma forma, ele foi uma resposta a isso tudo.”

Pela peculiaridade do som que produz, Lucas entende que suas canções, como aquelas da ótima safra recente dos discos Carousel (2015) e Big Pop For Chameleon World (2014), são vistas como “esquisitas” e “engraçadas”, mas de uma forma pejorativa. “Essas canções são uma forma de eu tentar me entender”, explica. “Esse meu estilo musical é desenvolvido através de uma autossabotagem. São canções que vêm de lugares que acho divertidos, que acho engraçados, mas elas são muito emocionais para mim.” Quando está no palco, a comunhão não é de Lucas com Jerry, ele garante, mas de Jerry com outros como ele que estão lá. “É uma espécie de terapia coletiva.”

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