A Arena Condá recebeu na noite desta sexta-feira, em Chapecó, o jogo beneficente dos Amigos da Abravic (Associação Brasileira das Vítimas do Acidente com a Chapecoense), promovido para arrecadar fundos para os familiares das vítimas do trágico acidente aéreo que ocorreu em 2016, na Colômbia, e matou quase todos os jogadores do time catarinense, além de jornalistas, dirigentes e o técnico Caio Júnior, que viajavam para o duelo de ida da final da Copa Sul-Americana daquele ano.
O amistoso desta sexta, que contou com belas homenagens, foi marcado principalmente pelo retorno do zagueiro Neto aos gramados. Um dos sobreviventes daquele acidente, o defensor disputou pela primeira vez uma partida de futebol após longa e sofrida recuperação.
Várias personalidades do futebol brasileiro participaram do duelo, entre elas o técnico Tite, que foi escolhido para ser o comandante do denominado time verde em conjunto com Gilmar Dal Pozzo, treinador dos acessos da equipe catarinense às Séries A e B do Campeonato Brasileiro nos últimos anos. A equipe branca foi dirigida de forma simbólica por Fábio Carille, do Corinthians, que conquistou o título do Brasileirão deste ano.
Pela equipe verde, estiveram presentes nomes como o ex-atacante Denilson, pentacampeão do mundo com a seleção brasileira de 2002, e o ex-meia Deco, que teve passagens vitoriosas por Porto, Barcelona, Chelsea e Fluminense.
E a “celebração da vida” veio com gols marcados por Alan Ruschel e Jackson Follmann, outros dois sobreviventes da tragédia. Neto, por sua vez, entrou em campo aos 26 minutos do segundo tempo em referência ao fato de que a somatória com os 45 minutos da etapa inicial completaram o número 71, que foi o total de vítimas do acidente de 2016.
“Estar dentro de campo, mesmo que seja uma brincadeira, sentir o cheiro da grama… Quem é atleta sabe o que estou falando. É um prazer, me sinto privilegiado, e agradeço a Deus por esse momento”, comemorou Neto, emocionado, ao comentar sua volta aos gramados, sendo que ele está liberado pelo departamento médico da Chapecoense para defender novamente o time profissionalmente na próxima temporada.
Ex-goleiro, Follmann atuou com a ajuda de uma prótese, que ele usa no lugar de parte de sua perna direita, que ele perdeu em decorrência dos graves ferimentos do acidente aéreo. Exibindo bastante bom humor, ele chegou a alegar que estava sentindo cãibras no final do jogo, mas, quando foi ser atendido, pediu que “esticassem” a perna na qual usa a prótese de metal.
“É uma emoção muito grande poder participar, com estes jogadores que aceitaram participar deste jogo e aceitaram o convite. A gente fica muito feliz”, disse Follmann, que depois ressaltou que precisava enxergar o lado positivo da vida e passar a viver com alegria pelo fato de que foi abençoado por ter sobrevivido ao grave acidente.
Antes da realização da partida beneficente, uma cerimônia marcou também a inauguração de uma fonte que ganhou o nome de Daví Barela Dávi, em homenagem ao conselheiro que foi uma das vítimas do acidente aéreo de 2016. Na fonte, construída do lado da Arena Condá, os nomes de todas as 71 vítimas fatais da queda do avião da Chapecoense foram inscritos como recordação também como forma de homenagear estas pessoas.
No intervalo do confronto, em outro momento emocionante do amistoso, vídeos foram exibidos no telão da Arena Condá com jogos marcantes da Chapecoense disputados por jogadores que acabaram morrendo naquele trágico acidente aéreo.