O gabinete do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu desculpas à rainha Elizabeth II nesta sexta-feira, 14, depois que se soube que funcionários festejaram até tarde da noite em Downing Street na véspera do funeral do príncipe Philip.
O jornal <i>The Telegraph</i> foi quem revelou que cerca de 30 pessoas participaram de reuniões, bebendo e dançando até de madrugada em 16 de abril do ano passado no número 10 da Downing Street.
"É profundamente lamentável que isso tenha acontecido em um momento de luto nacional e o número 10 pediu desculpas ao Palácio", disse o porta-voz de Johnson a repórteres. De acordo com o jornal britânico <i>The Guardian</i>, o porta-voz se recusou a dizer se Johnson pediria desculpas pessoalmente à rainha em sua próxima audiência privada.
Segundo o porta-voz, Johnson não participou das festividade, pois estava em sua residência de campo em Chequers naquele dia e não foi convidado para nenhuma reunião.
Uma porta-voz de Downing Street confirmou que o ex-diretor de comunicações de Boris Johnson, James Slack, "fez um discurso de despedida" naquele dia, para agradecer aos colegas antes de assumir um novo emprego, segundo a BBC.
A despedida de Slack coincidiu com outra reunião no porão do nº 10, organizada por um dos fotógrafos pessoais do primeiro-ministro. Em determinado momento, as duas festas se juntaram no jardim do nº 10 e continuaram até depois da meia-noite.
Questionada sobre a outra festa e se houve bebida e dança, a porta-voz respondeu que não teria "mais nada a acrescentar". O jornal publicou que os funcionários foram até uma loja próxima com uma mala, que voltou "cheia de garrafas de vinho".
<b>A solidão da rainha</b>
Embora Boris não estivesse presente em nenhuma das reuniões, essas revelações ocorrem no momento em que ele enfrenta a fúria de seus próprios aliados por participar de uma reunião com bebidas no jardim de Downing Street em maio de 2020, durante a primeira fase da quarentena.
A vice-líder do Partido Trabalhista, Angela Rayner, disse que a responsabilidade sobre a "cultura e os comportamentos" em Downing Street "fica com o primeiro-ministro". E acrescentou:
"A rainha sentou-se sozinha de luto, como muitos fizeram na época, com trauma pessoal e sacrifício para cumprir as regras do interesse nacional", referindo-se ao fato de que, durante o funeral de seu marido, a rainha Elizabeth manteve-se isolada dos parentes.
O líder dos liberais democratas, Sir Ed Davey, também reiterou os pedidos para que o primeiro-ministro renuncie devido à crescente lista de denúncias sobre festas:
"A rainha sentada sozinha, lamentando a perda de seu marido, foi a imagem definidora do bloqueio. Não porque ela seja a rainha, mas porque ela era apenas mais uma pessoa, de luto sozinha como muitas outras. Enquanto ela estava de luto, n°10 festejou", tuitou ele.
Depois de construir uma carreira política desrespeitando as normas aceitas, Johnson agora está sob crescente pressão de alguns de seus próprios legisladores para renunciar. Os opositores dizem que ele é incapaz de governar e enganou o parlamento ao negar que as orientações da covid-19 foram violadas.
Johnson deu uma variedade de explicações sobre as festas, desde negações de que quaisquer regras foram quebradas até expressar compreensão pela raiva pública pela aparente hipocrisia no coração do Estado britânico. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)