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Joias: os presentes que não estão na conta dos R$ 6,8 milhões em suposto esquema de Bolsonaro

Itens como uma escultura dourada em formato de barco e outra representando uma palmeira, além de um relógio da marca Patek Philippe, parte do suposto esquema de venda de presentes de luxo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de aliados, não foram somados ao cálculo dos R$ 6,8 milhões desviados da União. Os objetos ainda não foram recuperados. Anéis, rosários e abotoadores que foram devolvidos também não entraram na soma, mas porque ainda aguardam perícia para avaliação de quanto valem.

As informações constam do relatório final do inquérito das joias sauditas, caso revelado pelo <b>Estadão</b>, que teve o sigilo retirado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes nesta segunda-feira, 8. Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A defesa do ex-presidente nega irregularidades.

Segundo a PF, o ex-presidente "subtraiu diretamente" os objetos, sem que tivessem passado pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência, tramite padrão para joias e presentes de alto valor recebidos pelos chefes de Estado brasileiros.

As esculturas douradas em formato de um barco e de uma palmeira foram presenteadas ao ex-presidente em novembro de 2021, em viagem aos Emirados Árabes Unidos e ao Reino do Bahrein. O relatório aponta que os itens foram "escamoteados" (levados escondidos) para os Estados Unidos, no avião presidencial. "Por meio de interpostas pessoas, o grupo investigado tentou vender as esculturas em lojas especializadas na cidade de Miami, mas, como não eram constituídas por ouro maciço, conforme pensavam os investigados, não obtiveram êxito nas negociações", indicou a PF.

Outro item que ainda não foi recuperado foi o relógio de luxo Patek Philippe Calatrava, recebido por Bolsonaro como presente enquanto visitava o Reino do Bahrein nos dias 16 e 17 de novembro de 2021. Segundo os investigadores, o objeto foi vendido em loja especializada nos Estados Unidos em junho de 2022.

A PF também descobriu que o então ex-ajudante de ordens da Presidência, o tenente-coronel e delator Mauro Cid, pesquisou o valor do presente enquanto a comitiva presidencial ainda estava em viagem pelo exterior. Cid chegou a enviar para o então presidente, por WhatsApp, a captura de tela com o valor do relógio, de US$ 51.665,00, assim como uma fotografia do certificado de origem do item.

Os investigadores conseguiram identificar que Cid tirou fotos do relógio no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República. O item foi vendido em 13 de junho de 2022, junto com um relógio Rolex, também recebido por Bolsonaro como presente, por US$ 68 mil. "Até o presente momento, não há indícios de que tenha sido recuperado pelos investigados", diz o relatório.

Além das esculturas e relógio, não entraram na soma dos desvios três itens que ainda não passaram por perícia, sendo um rosário árabe (masbaha) Rose Gold Chopard, um par de abotoaduras Chopard e um anel Chopard. Os itens foram retirados do País em dezembro de 2022 e submetidos à venda em um leilão nos Estados Unidos.

Como as joias, que faziam parte de um conjunto com outros itens, não foram arrematadas, Bolsonaro devolveu os itens após decisão do Tribunal de Contas da União (TCU). Outros três objetos do mesmo tipo, mas de metal, também estão pendentes de perícia, segundo o relatório da PF, por isso ainda não foram somados ao total desviado.

<b>Os itens não contabilizados:</b>

– Escultura dourada de barco;
– Escultura dourada de palmeira;
– Relógio Patek Philippe;
– Masbaha (rosário árabe) em metal;
– Par de abotoaduras em metal;
– Anel em metal;
– Masbaha (rosário árabe) Rose Gold Chopard;
– Par de abotoaduras Chopard e Anel Chopard.

Além de Bolsonaro, outros 11 aliados foram indiciados na última quinta-feira, 4, por suposto envolvimento no esquema de desvios e venda ilegal. Entre os nomes apontados pela PF estão assessores próximos do ex-presidente e do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, o ex-ajudante de ordens, além do advogado pessoal de Bolsonaro, Fabio Wajngarten.

A defesa de Bolsonaro disse que os presentes seguiram "protocolo rigoroso de tratamento e catalogação" e reclamou que o mesmo tratamento não é dado ao seu adversário político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).I

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