Se a seleção de Tite ainda passa por desconfianças e inseguranças de parte dos torcedores no País quanto à preparação para a Copa do Mundo do Catar, na imprensa estrangeira a equipe comandada por Neymar é tida como favorita a mais uma conquista mundial. O jornal El País, em sua versão uruguaia, publicou um artigo nesta sexta-feira com muitos elogios à história da seleção e a aponta como uma das favoritas a faturar o título.
"O time agora é uma máquina de jogar futebol bem ajeitada, com muitas peças de reposição, caso precise. O Brasil segue produzindo craques. Hoje não há um grande time europeu que não tenha um brasileiro como titular. E quase todos têm experiência na seleção: nas eliminatórias sul-americanas, o Brasil deu um passeio e o técnico se deu ao luxo de testar atletas em muitos jogos", afirma o jornalista Luis Prats, que assina o artigo do El País.
Para este Mundial, o diário ressalta a continuidade do trabalho de Tite, mesmo após a derrota na última Copa do Mundo, nas quartas de final, para a Bélgica – ele se junta a Zagallo e Telê Santana como os únicos treinadores que comandaram a seleção em duas Copas do Mundo consecutivas. A consolidação de um trabalho, que completou seis anos, é um dos diferenciais do Brasil em 2022.
As últimas seleções campeãs do mundo tiveram essa continuidade, por diversos anos, dos trabalhos de seus treinadores. Didier Deschamps, campeão em 2018 e no comando da França desde 2012, e Joachim Löw, campeão em 2014 e que deixou a Alemanha após 15 anos como treinador, experimentaram o que Tite vivenciará pela primeira vez no Catar.
Liderada por Neymar, que recupera sua melhor fase no Paris Saint-Germain, a seleção liderou do início ao fim as Eliminatórias na América do Sul. Com 40 gols marcados e apenas cinco sofridos, o Brasil se classificou de forma invicta e antecipada.
Além de Neymar, o El País ressalta as figuras dos jovens craques da seleção – Vinícius Jr., Raphinha e Lucas Paquetá – e dos veteranos – Thiago Silva e Casemiro. Esses fatores, quando somados, explicam o favoritismo que o jornal uruguaio concede ao Brasil.
Por outro lado, a seleção brasileira amarga 20 anos sem um título mundial – segundo maior jejum na história, atrás apenas dos 24 anos entre o tricampeonato, em 1970, e o tetra, em 1994. Eliminações dolorosas em 2006, para a França, em 2010, Holanda, e em 2014, o famigerado 7 a 1 para a Alemanha, marcaram o final dos ciclos dos treinadores brasileiros.
Ao final, a principal deficiência da seleção para o Mundial acaba sendo a falta de experiência com adversários europeus durante o último ciclo. Com o início da Liga das Nações na Europa, a CBF encontrou dificuldades em arranjar amistosos durante a data Fifa. Contra rivais sul-americanos, africanos ou asiáticos, o Brasil impôs uma vasta superioridade. "Seria muito interessante ver um duelo contra a Inglaterra, Alemanha ou França, mas para isso teremos que esperar as etapas finais do Catar", afirma o jornal.
A Copa do Mundo de 2022 terá início em 21 de novembro, com o confronto entre Holanda e Senegal. A estreia da seleção brasileira, diante da Sérvia, está marcada para o dia 24, às 16h (horário de Brasília), no Estádio Lusail.