O jornalista Fernando Mauro Trezza, presidente da TV Guarulhos, concorre a uma vaga no Senado no parlamento da Itália, nas eleições que acontecem entre 15 e 20 de fevereiro, como representante da América do Sul. Nascido em São Paulo, Trezza é bisneto de italianos e tem dupla cidadania desde 2015.
Na Itália, o parlamento reserva vagas para cidadãos do país que nasceram fora e têm descendência italiana. 12 deputados e 6 senadores são eleitos por esses cidadãos para mandatos de cinco anos. O número de vagas de cada região ao redor do mundo é proporcional ao número de cidadãos italianos que ali habitam.
“No caso da América do Sul, temos direito a 2 senadores e 4 deputados. Historicamente, Brasil e Argentina elegem, cada um, a metade desses cargos, o que dá certa vantagem para os argentinos, pois eles têm quase 800 mil cidadãos italianos. No Brasil, somos aproximadamente 400 mil. Precisamos tirar essa desvantagem no voto, na raça”, explicou Trezza, que preside a Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCOM).
O jornalista divide a chapa do partido Civica Popolare com a deputada candidata à reeleição Renata Bueno. “A deputada me convidou e eu acho que posso contribuir apresentando alguns temas que vão além da importante questão da fila do consulado, que é demorada e representa uma angústia para o cidadão italiano. Mas, além disso, existem outras questões importantes para enfrentarmos politicamente junto ao governo central de Roma”, afirma.
Segundo Trezza, estão entre suas propostas de mandato aprimorar o processo eleitoral (mais tempo de campanha fora da Itália; sistema misto de escolha, como o processo eleitoral francês, que elege o presidente pelo voto popular e primeiro ministro pelo parlamento); ampliar direitos civis e de acesso da população ao parlamento, o que não existe; e criar políticas justas de imigração para quem não é italiano, mas priorizar os ítalo-descendentes ao redor do mundo, nos moldes dos decasséguis japoneses. “Nós somos imigrantes e sabemos da importância desse tema. Não fossem os imigrantes italianos que vieram para o Brasil, para os Estados Unidos, para a Argentina, a Itália não teria a grandeza mundial que possui hoje”.
Se for eleito, Trezza terá que passar três semanas em Roma e uma no Brasil por mês.