Cidades

José Augusto Pinheiro, mas pode chamá-lo de senhor gentileza

Nascido e residente na Vila Galvão, o radialista, jornalista e mestre de cerimônias José Augusto Pinheiro, aos 51 anos, é conhecido por onde passa pelo excesso de gentileza e boa vontade nas relações interpessoais. É talvez a pessoa pública que melhor se encaixe como personagem guarulhense para ilustrar o Dia Mundial da Gentileza, comemorado em 13 de novembro. É uma data reservada para ressaltar alguns gestos que deveriam ser comuns, mas soam como exceção em um mundo onde prevalece, em muitos casos, a esperteza. 
 
Muitas pessoas não se dão conta de pequenos gestos como ceder a vez, ajudar alguém a atravessar a rua, oferecer um abraço a quem precisa ou um simples sorriso podem significar algo grandioso para quem recebe. “É difícil uma autoavaliação, mas eu me sinto bem praticando o bem”, explica José Augusto, um homem que procura praticar gentilezas o tempo todo. 
Durante esta entrevista para o jornal Ótimo, realizada em um hall, nos corredores da rádio Boa Nova, dentro do complexo das Casas André Luiz, onde José Augusto dá expediente, todas as pessoas que passaram pelo local receberam um sorriso, um “boa tarde” e um “como você está?”, distribuídos por José Augusto.
 
Em seu ambiente de trabalho, são mais de 1.500 profissionais que se cruzam nos corredores diariamente. “Como é muita gente, se não tomar cuidado, você passa pela pessoa, não vai cumprimentá-la e não será cumprimentado, porque é uma coisa comum. As pessoas não têm o costume de fazer isso”. Segundo ele, muitas vezes este ato não faz parte do cotidiano pois as pessoa tem medo da rejeição. “Eu já estou vacinado, o fato da pessoa responder ou não pra mim a essa altura da vida já não é tão importante, gosto quando respondem, não sou bobo! Mas se não responder, tudo bem, eu ofertei o que eu tinha de melhor”.
 
Honestidade e dignidade que vêm do berço
 
José Augusto conta que teve uma vida muito humilde quando era criança. Mas nem por isso sua mãe e seu pai deixaram de ensiná-lo regras básicas, como a ser honesto para conquistar suas coisas de forma digna, para que ele andasse sempre de cabeça erguida.
Ele conta que, desde menino, sempre gostou de ouvir rádio e se tornou um sonho trabalhar com comunicação. Durante 18 anos trabalhou como bancário, quando tinha uma vida confortável. Mas há cerca de 20 anos, resolveu abrir mão do trabalho e seguir seu sonho. “Pensei: vou sair porque não quero viver a nostalgia do que eu não fiz”, conta. 
 
 “Embora muito tímido precisei vencer isso para realizar esta verdadeira missão”, contou José Augusto. “Paguei um preço alto porque esse tipo de mudança nem sempre é fácil, mas é necessária para seguir um sonho”. Porém, a partir desta decisão, a vida dele mudou. “Tive a chance de uma vida completamente diferente da anterior”.
 
Abraços de feliz natal
 
José Augusto e alguns amigos se encontram há quatro anos no Calçadão da rua Dom Pedro, no Centro, sempre no dia 24 de dezembro, véspera de Natal,  durante o período da manhã para distribuir abraços.
 
Segundo ele, em meio à confusão de compras de fim de ano e preocupação com presentes atrasados, o grupo oferece abraços a quem estiver disposto a receber.  O objetivo é se posicionar e desejar um feliz natal a todos que passam pelo local.
 
As reações são as mais diversas. Há quem queira receber um abraço, há os que fazem cara feia. “Eu entendi que esse meu ato serve para eu agradecer a Deus por tudo o que ele me deu durante o ano”. Para José Augusto, o abraço é algo que as duas pessoas sentem, diferente de muitos gestos do dia a dia como um beijo no rosto onde muitas vezes apenas as peles se tocam. 
 
Ele agradece até o filho adotivo por aceitá-lo como pai
 
Casado há 15 anos, José Augusto tem um filho adotivo de 11 anos, que entrou para a família em 2005. A oportunidade apareceu após dar entrada na fila para adoção apenas três meses antes. “Eu vim à terra por causa dele, eu tive que esperar por 42 anos para minha missão efetiva aparecer”, revela. 
 
“Quando o Matheus chegou ouvimos muito que estava sendo generoso, mas a grande verdade é que eu pude perceber que a coisa é invertida, a generosidade foi dele em nos aceitar como pais”. 
 
Segundo José Augusto, espalhar mensagens positivas sempre foi uma de suas ações de gentileza, quase que um hábito. “Com o Facebook, hoje é muito mais fácil distribuir mensagens positivas, mas eu já fazia isso há muito tempo atrás, através de mailing no e-mail”, explica.
 
Ato de sorrir
 
O sorriso é algo presente na vida de José Augusto. Ele acredita que sorrir é um ato de generosidade que devemos ter o todo tempo. “É algo que tem que vir de dentro e se a gente não estiver sorrindo tem que se policiar para continuar sorrindo, porque ele é realmente o espelho da alma”.
 
 José Augusto diz que o sorriso é um presente que você oferece a quem cruzar o seu caminho, independentemente de conhecer ou não aquela pessoa. “Eu vejo a generosidade como uma oportunidade. Você planta e vai colher na medida da necessidade e não no momento que você quer”. E vai além: “Eu creio no conceito da sincronicidade, as coisas acontecem no tempo de Deus”.
 

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