Os irmãos Rafael e Lucas Garcia, de 28 e 23 anos, respectivamente, se uniram para montar uma empresa de desenvolvimento de games em Guarulhos. Rafael cursou Jogos Digitais e, depois de trancar o curso por um tempo, voltou e se formou em Sistemas para Internet no Eniac, em 2014. Mas Lucas estuda em área bem diferente: está no 5º semestre de Direito – antes fazia Contabilidade –, também no Eniac.
O projeto de empreendedorismo da família mostra, segundo o professor Renato José, coordenador da Escola de TI e da Escola de Gestão e Negócios do Eniac, que a metodologia de ensino da instituição, priorizando sempre essa “conversa” entre os vários cursos, é acertada.
“Prezamos muito por projetos ‘mão na massa’ desde o primeiro semestre já trabalhando com o Empreendedorismo. Nosso objetivo é preparar de verdade os alunos para o mercado de trabalho, seja como colaboradores que empreendam nas empresas ou como dono do próprio negócio”, afirma.
A visão mais “tecnológica” de Rafael se juntou perfeitamente com a de planejamento de Lucas. E os jovens viraram sócios na Guarunaut. “O nome tem um significado para nós. Juntamos o nome da nossa cidade com uma abreviação da empresa que fabricava meu jogo preferido da infância”, lembrou Rafael, que tem planos ambiciosos. “Certa vez assisti a um vídeo de um show dos Mamonas Assassinas no qual eles diziam sobre a missão de levar o nome da cidade para o mundo. Queremos assumir essa mesma missão”, projeta.
Enquanto um tem a habilidade com os códigos, outro é ótimo com a parte “formal” do negócio. “A empresa tem as próprias músicas, patenteadas. Sou eu que cuido da papelada, como contratos, planilhas, planejamento etc”, afirma Lucas.
A junção obedece a velha máxima da boa sociedade: um completando o que o outro com o que tem de melhor.
O jogo
Rafael criou, com a ajuda de Lucas – que nem de longe é um leigo em TI – o game “Cold Heart”, jogo de ação que consiste na proteção do “Coração Gelado” pelo protagonista Frej. Rafael criou a primeira versão do game em apenas 48 horas. “Participei de uma competição internacional de criação de jogos em tempo limitado. A temática deveria ser de proteção a alguma coisa”, explica.
O jovem programador deixou seu emprego em julho de 2020 e aproveitou para mergulhar de cabeça na empresa e no desenvolvimento de Cold Heart, que tinha sido lançado na Game Jam de abril.
“Em março a gente já tinha participado de outra Game Jam, mas nacional. Ficamos entre os 50 finalistas, com o ‘Pequeno Guerreiro’. Foi nosso primeiro contato com o desenvolvimento de um jogo comercial”, diz Lucas, que contou 8 meses até que Cold Heart chegasse na atual versão, completa.
Apesar de ainda querer inserir novos progressos na versão atual do game, Rafael adianta que Cold Heart 2 está a caminho. “São muitas coisas a serem incorporadas, como skins, inimigos, aliados, cenários, músicas originais”, explica Lucas.
Desenvolvido para rodar em sistemas operacionais Android, Cold Heart está, hoje, na loja e fomentadora de desenvolvedores Steam, disponível para Windows e Linux. “Mas ele vai voltar para Android”, prometem os irmãos sócios.
Rafael faz questão de agradecer aos professores do Eniac pelas ferramentas que acabou utilizando para criar o game. “O Luiz Felipe Martins me ajudou mesmo depois que eu já estava formado e não era mais aluno, por meio de fóruns de discussão”, disse.