Estadão

Jovens têm menos fé na democracia, mostra estudo realizado em 30 países

Um estudo global elaborado pela Open Society Foundations (OSF) mostra que os jovens (geração Z e millennials) são, entre os grupos etários, aqueles que têm menos fé em um sistema político baseado na democracia. Por outro lado, o mesmo levantamento também apontou que quase 90% da população prefere viver em um estado democrático.

O estudo foi realizado entre maio e julho de 2023 pelo instituto de pesquisas Savanta e Gradus Research, em 30 países de todas as regiões e com uma variedade de sistemas políticos, totalizando 36 mil entrevistados.

Apenas 57% dos entrevistados entre 18 e 35 consideram que a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo, em comparação com 71% dos mais velhos. Além disso, uma significativa minoria de jovens (42%) considera que o regime militar é uma boa forma de governar um país. Um número semelhante (35%) considera que ter um líder forte que não se preocupa com eleições ou consulta as legislaturas é uma boa forma de governo.

"Nossas descobertas são ao mesmo tempo preocupantes e alarmantes. Pessoas em todo o mundo ainda querem acreditar na democracia. Mas, geração após geração, essa fé está se desvanecendo à medida que crescem as dúvidas sobre a sua capacidade de proporcionar melhorias concretas às suas vidas. Isso tem que mudar", disse Mark Malloch-Brown, presidente da Open Society Foundations e ex-secretário-geral adjunto da ONU.

Apesar disso, o relatório conclui que o conceito de democracia continua sendo amplamente popular em todas as regiões do globo, com 86% dos ouvidos pela pesquisa afirmando que preferiam viver em um estado democrático. No Brasil, de acordo com a pesquisa, viver em um país que é democraticamente governado é importante para 90% dos respondentes.

O estudo também indicou que existe uma descrença generalizada de que estados autoritários possam cumprir as prioridades de forma mais eficaz do que as democracias. Apenas 20% consideram os países autoritários mais capazes do que as democracias de cumprir "o que os cidadãos querem".

Entre as prioridades apontadas pelos entrevistados, pobreza e desigualdade (20%), mudanças climáticas (20%) e corrupção (18%) foram as que mais apareceram.

A resposta dos entrevistados também indicou uma forte crença nos direitos humanos, com 95% dos ouvidos rejeitando a ideia de que não há problema em os governos violarem os direitos daqueles que parecem diferentes deles.

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