Estadão

Jubileu de Platina de Elizabeth joga holofote em Charles e na sucessão

Enquanto celebra o mais longo reinado de sua história, o Reino Unido se prepara para a sucessão no trono. O Jubileu de Platina de Elizabeth II, que marca 70 anos de regência, começa hoje com o protagonismo não de um, mas de dois herdeiros cotados para ocupar o Palácio de Buckingham.

O príncipe Charles, de 73 anos, e o príncipe William, de 39, primeiro e segundo na linha de sucessão, têm assumido a dianteira de alguns dos principais eventos, assim como já vinham desempenhando funções públicas importantes nos anos mais recentes.

"Pai e filho precisarão estar intimamente alinhados nos próximos meses e anos, pois Charles será, um dia, um rei de curto prazo, mantendo o trono aquecido para William", escreveu o comentarista da BBC Peter Hunt no Twitter.

<b>Renovação</b>

Para ele, essa é a nova realidade da monarquia britânica, agora que a rainha, com 96 anos, tem enfrentado sérios "problemas de mobilidade". "Enquanto um futuro rei Charles acelera seu treinamento, outro futuro rei, William, observa o que o espera."

No sábado, o príncipe William foi o centro das atenções no treino de inspeção da Guarda Irlandesa, regimento de infantaria que faz parte do Exército britânico. O treino foi uma preparação para a cerimônia que abre as festividades do jubileu – a presença da rainha não está confirmada.

Elizabeth chegou à marca de sete décadas no trono em fevereiro e dois feriados foram reservados para criar um fim de semana de quatro dias para a comemoração. Autoridades dizem que a participação da rainha nas celebrações será decidida no dia.

<b>Futuro</b>

A transição sutil ilustra os desafios da família real enquanto a rainha permanece no trono. Charles, porém, se torna cada vez mais a face pública da monarquia. Enquanto prepara o jubileu, a realeza trabalha para consolidar a posição de um herdeiro às vezes incompreendido e demonstrar que a Casa de Windsor continuará viva.

"Charles e Camilla (sua mulher) são um ponto de interrogação para o futuro quando se trata da monarquia", disse Robert Lacey, historiador da realeza e consultor da série The Crown, da Netflix. Charles passou as últimas três décadas tentando superar as consequências do fim de seu casamento com a popular princesa Diana.

Levou anos para que muitos britânicos perdoassem Charles, cuja infidelidade e ligações com Camilla Parker Bowles torpedearam seu relacionamento com Diana, conhecida como "Princesa do Povo" por sua capacidade de se conectar com o público de uma maneira que seu marido nunca conseguiu.

A glamourosa jovem mãe do príncipe William e do príncipe Harry morreu em um acidente de carro em Paris, em 1997, cinco anos depois de se separar de Charles. Mas o clima melhorou desde que o príncipe herdeiro se casou com Camilla, em 2005. "Não estamos no estado que pensávamos estar 20 anos atrás, quando a perspectiva de Charles subir ao trono parecia um grande desafio. E acho que se pode dizer que a monarquia pode contar hoje mais fortemente com o afeto dos britânicos do que por muitas décadas", disse Lacey.

Muito disso se deve a Elizabeth, que em seu aniversário de 21 anos prometeu servir ao Reino Unido e à Comunidade Britânica por toda a vida – e mostra que pretende cumprir a promessa.

<b>Obstáculos</b>

Em artigo publicado pelo jornal The Guardian, o historiador Ed Owens afirma que a monarquia britânica tem de enfrentar algumas questões difíceis. Segundo ele, a palavra "abdicação" é um tabu na Casa de Windsor desde que o rei Eduardo VIII desistiu do trono, em 1936, para se casar com a mulher que amava.

O historiador explica que, ao longo de mais de 70 anos, a rainha construiu cuidadosamente uma imagem como principal servidor público do país em um contraste direto ao tio. "Outras famílias reais europeias adotaram a abdicação como uma maneira positiva de passar as responsabilidades para a próxima geração. Na Holanda, Bélgica e Espanha, a abdicação significou reinvenção", escreveu Owens.

No Reino Unido, afirma ele, a situação é diferente. Em vez de abdicar, a rainha procurou se retirar sutilmente de cena. Na última década, investiduras honrosas, viagens e outras tarefas de rotina foram delegadas a membros da família, principalmente a Charles e William. Agora, sua retirada foi acelerada por problemas médicos. "Podemos esperar ver cada vez mais Charles e cada vez menos Elizabeth, à medida que um reinado chega ao fim e um novo começa", escreveu Owens.

<b>Eventos</b>

A programação prevê para amanhã um serviço de ação de graças na Catedral St Paul, em Londres. No sábado, a rainha deve participar da corrida de cavalos Derby com outros membros da família. Mais tarde, haverá um show do lado de fora do Palácio de Buckingham com as bandas Queen, Duran Duran e a cantora americana Diana Ross. As comemorações terminarão no domingo, com festas de rua e um desfile pela capital britânica. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS).

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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