Frances Ethel Gumm tornou-se mundialmente famosa com o nome artístico de Judy Garland. Atriz, cantora e dançarina, ela é considerada por muitos críticos como uma das principais estrelas da era de ouro dos musicais de Hollywood, especialmente os da Metro, nos anos 1930 e 40. Consagrou-se ainda jovem, aos 17 anos, em O Mágico de Oz, fama que também se tornou uma maldição: passou a viver com medicamentos para controlar o peso e a beleza. Isso arruinou sua já frágil autoestima. Tentou o suicídio várias vezes e morreu de overdose em 1969, aos 47 anos.
No centenário de seu nascimento, comemorado nesta sexta, 10, o Estadão convidou o ator, letrista e produtor Claudio Botelho, um dos grandes conhecedores da trajetória de Garland, a elencar curiosidades sobre essa trajetória curta, mas marcada pelo sucesso.
<b>Corte de um clássico</b>
Quando O Mágico de Oz ficou pronto, os produtores acharam o filme muito longo. E decidiram cortar uma canção que, na opinião deles, era lenta e atrasava a história. A música sugerida: Over the Rainbow. Arthur Freed, produtor musical, ameaçou rasgar todas as outras canções caso Rainbow não voltasse. Voltou.
<b>Baixo cachê</b>
O salário que Judy Garland recebeu em O Mágico de Oz era igual ao cachê dos atores com nanismo que faziam os Munchkins. E nem um centavo a mais.
<b>Sapatos roubados</b>
Os clássicos sapatos vermelhos usados por Dorothy foram roubados em 2005 em uma exposição no Judy Garland Museum, em Grand Rapids, nos EUA, e encontrados pelo FBI apenas 13 anos depois. O par de sapatos de rubi foi roubado por alguém que subiu por uma janela e entrou na pequena vitrine.
Obsessão dos produtores
Após o sucesso como Dorothy, a ascensão foi vertiginosa. Com menos de 18 anos, Judy era a atriz mais bem paga do cinema americano. Fazia um filme atrás do outro, nenhuma pausa entre as produções, e ali entram os médicos da Metro e suas pílulas para dormir, estimulantes para trabalhar, anfetamina para tirar a fome, fora plásticas e mais plásticas para redesenhar um rosto que, se já não era de menina, estava longe de parecer Elizabeth Taylor.
<b>Sexualidade</b>
Filha de um pai homossexual atormentado e que vivia fugindo de si mesmo, Judy conviveu com este assunto a vida toda. Casou-se cinco vezes, duas delas com homossexuais. Seu casamento com o diretor Vincente Minnelli deu ao mundo um furacão chamado Liza. Mas a consciência da sexualidade do marido arrebentou Judy emocionalmente. Ela sabia, ela via, ela morria por dentro.
<b>Vingança</b>
Durante as filmagens de O Pirata, dirigido por Minnelli e coestrelado por Gene Kelly, Judy sentiu que o marido estava dando mais atenção a Kelly do que a ela. Decidiu chegar atrasada em todas as filmagens. O estúdio começava às 6 da manhã, Judy só aparecia depois das 4 da tarde.
<b>Fãs</b>
Os fãs de Judy Garland eram a maior comunidade de adoradores que um artista teve desde que inventaram o cinema. Seu público gay era o primeiro a se colocar sexualmente sem pudor ao falar da estrela.
<b>Overdose</b>
Judy Garland foi encontrada morta sentada no vaso sanitário de sua casa perto de Londres, em 1969, aos 47 anos. Uma overdose de barbitúricos, segundo a autopsia. O corpo foi levado para Nova York naquele que muitos consideram "o dia mais triste da história do cinema".
<b>Homenagem</b>
Acostumados aos choques e maus tratos da polícia, naquele dia um grupo de homossexuais decidiu revidar. Ao grupo, se somaram mais e mais outros, entrincheiraram-se na porta do Bar Stonewall, e declararam: "acabou! Ela morreu, nós não temos mais medo de nada nem de ninguém. Vamos enterrá-la e a partir de hoje saímos da sombra". O dia é conhecido como "A Tomada de Stonewall".
<b>No teatro e no cinema</b>
A história da atriz inspirou a peça Judy – Muito Além do Arco-Íris (encenada no Rio em 2011, com Claudia Netto), que chegou ao cinema em 2019, garantindo o Oscar de melhor atriz para Renée Zellweger. Ainda no Brasil, estreia nesta sexta, 10, no Rio, a peça Judy – O Arco-Íris É Aqui, de Flavio Marinho e estrelado por Luciana Braga.