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Juiz manda TikTok derrubar vídeo de comediante português contra portadores de Síndrome de Down

O juiz José Eduardo de Mello Leitão Salmon, da 4ª Vara Cível de Curitiba, acolheu pedido da Defensoria Pública do Paraná e mandou o TikTok tirar do ar vídeo do comediante Mr Hugo Soares , de Portugal, com discriminação contra pessoas com Síndrome de Down. A plataforma tem cinco dias para tornar o link indisponível.

O vídeo questionado foi divulgado em maio, com o título Barbie Trissomia 21 #humornegro #standupcomedy #comedia . Nele, o humorista português afirma: "Mattel lançou uma Barbie com trimossia 21. Uma edição especial. Não é uma ideia original, toda gente sabe que os chineses já vendem bonecas com defeito".

Após se depararem com a gravação nas redes sociais, 12 famílias de crianças curitibanas com Síndrome de Down classificaram o vídeo como discriminatório e cruel , e procuraram a Defensoria Pública para denunciar o caso. Antes de acionar a Justiça, a Defensoria enviou um pedido para que o TikTok derrubasse o vídeo. Segundo a Defensoria, a empresa respondeu que não poderia retirar o vídeo do ar.

Ao analisar o caso, o juiz José Eduardo de Mello Leitão Salmon entendeu que o vídeo extrapola a liberdade de expressão, uma vez que configura discurso discriminatório que ofende aos direitos das pessoas portadoras da Síndrome de Down e, consequentemente, pode ser caracterizado como ato de natureza ilícito .

"Por certo, a Síndrome de Down não pode e não deve ser conceituada ou compreendida como um defeito, haja vista que se trata de uma condição genética que determina aos seres humanos portadores dessa genética necessidades específicas para o seu pleno desenvolvimento, condição essa que em nada diminui ou altera a sua condição de ser humano pleno e capaz de viver de acordo com toda a construção cultural e civilizatória para toda a humanidade", ressaltou.

A defensora pública Camille Vieira da Costa, autora da ação, argumentou que os direitos das pessoas com Síndrome de Down estavam sendo incessantemente violados . " É preciso ressaltar que o uso do humor como subterfúgio para propagar preconceito, discriminação, violando direitos de outros, é um abuso que não é acolhido pela legislação brasileira, e com muito acerto. A decisão da Justiça mostra isso e lembra que o humor tem limites quando atinge o direito de outras pessoas", afirmou.

<b>COM A PALAVRA, O TIK TOK</b>

A reportagem do Estadão busca contato com o Tik Tok. O espaço está aberto para manifestação da empresa.

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