Equipes da saúde iniciaram nesta terça-feira, 26, a aplicação de testes domiciliares para o novo coronavírus em moradores de 1.300 residências de Jundiaí, cidade do interior de São Paulo. Os imóveis foram escolhidos por sorteio a partir de um mapa cartográfico da cidade, levando em conta a densidade populacional e as idades dos moradores. A meta é testar de quatro a cinco mil pessoas assintomáticas para completar o cenário que servirá de base para as futuras ações contra a covid-19.
É a segunda fase de um inquérito epidemiológico que teve início com a aplicação de 3.819 testes em profissionais de saúde, segurança e funcionários do transporte público, além de moradores com quadro gripal. De cada mil moradores, 47 serão testados, quase o dobro da taxa registrada na Alemanha, e significativamente maior que a do Brasil, que é de 0,63 teste por mil.
Esse trabalho permitirá o mapeamento da doença e a identificação dos infectados, além de toda a sua rede de contatos. A cidade, de 418.962 habitantes, a 58 km da capital, tem 696 casos positivos e 47 mortes pela doença.
O inquérito epidemiológico foi uma das soluções inovadoras destacadas no Mapa da Reação, uma iniciativa do World Creativity Day e do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (Unops) que aponta e recomenda ações relevantes de combate ao novo coronavírus. O mapa fica acessível a governos, organizações do Sistema ONU, instituições privadas, potenciais investidores e profissionais interessados. A plataforma visa acelerar a conexão entre instituições, empresas e serviços que ajudem a solucionar os problemas causados pela pandemia.
A prefeitura adquiriu 10 mil testes e obteve outros 10 mil do Ministério da Saúde para fazer a investigação epidemiológica. Nesta fase, serão aplicados 450 testes por dia. O trabalho é realizado em parceira com a Faculdade de Medicina de Jundiaí e o Centro Universitário de Campo Limpo Paulista. O mapeamento dará base ao município para decidir sobre medidas de isolamento e de reforço ao sistema de saúde, como a abertura de novos leitos hospitalares.
Assim que os leitos públicos existentes para covid-19 atingirem 80% de ocupação, novos espaços de atendimento serão abertos, segundo o prefeito Luiz Fernando Machado (PSDB). "Como primeira providência frente à pandemia, ampliamos o número de leitos disponíveis, o que foi crucial para dar conta da demanda nesse estágio da doença. São 117 leitos exclusivos para pacientes com coronavírus e, nos próximos dias, outros 39 serão abertos, até em função do aumento na capacidade de testagem", disse.
Outra ação do município destacada no Mapa da Reação, a criação de unidades sentinelas para testes rápidos e atendimento a pacientes com sintomas leves, reduziu a sobrecarga às outras unidades de saúde. Além de evitar a contaminação dos demais usuários da rede de atenção básica da cidade, o isolamento antecipado desses pacientes contribuiu para reduzir a disseminação do vírus. As três unidades funcionam em pontos estratégicos da cidade. O município terá também um hospital de campanha com 25 leitos de retaguarda para a covid-19, que está sendo instalado em uma unidade militar do Exército.