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Jungmann e Exército decidem não punir formalmente general Mourão

Depois de uma longa conversa no Ministério da Defesa, de quase uma hora, o ministro Raul Jungmann e o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, decidiram encerrar a polêmica criada pelo general da ativa Antonio Hamilton Martins Mourão que, em palestra na última sexta-feira, em uma Loja Maçônica, em Brasília, defendeu a possibilidade de intervenção militar, diante da crise política que toma conta do País. Ficou acertado entre os dois que o general não sofrerá uma punição formal, para que não se transforme em um herói interno.

Contudo, o general Villas Bôas, que foi convocado por Jungmann para a reunião, vai chamar o general Mourão para lhe advertir que quem fala pelo Alto Comando é ele, que sua fala foi inconveniente e que é preciso buscar a estabilidade, legalidade e legitimidade, de forma que o Exército não seja fator de instabilidade.

Todo esse desfecho do episódio foi acertado, passo a passo, entre Jungmann e Villas Bôas, com muitas idas e vindas, com objetivo de evitar rusgas e problemas à autoridade de ambos.

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, participou das negociações para solução do caso. Mourão deve ir para a reserva daqui a seis meses e é candidato a presidente do Clube Militar, em eleição prevista para maio do próximo ano.

Jungmann concordou com o comandante que Mourão não pode ser transformado em vítima e ficou acertada uma manifestação de Villas Bôas em relação ao fato. Na conversa, o comandante informou que tomou providências internas, com repasse de orientações ao Alto Comando do Exército com objetivo de evitar qualquer tipo de nova saia justa para a instituição. A solução acabou entendida por Jungmann.

O general Villas Bôas avisou aos generais integrantes do Alto Comando que ele, o comandante, é o único que pode falar pelo colegiado ou pelo Exército, e a expressar o pensamento da Força.

Durante a palestra, o general Mourão havia dito que sua visão sobre as soluções para a crise “coincidem com as dos companheiros do Alto Comando do Exército”. O general Villas Bôas disse ainda a Jungmann que no recado dado aos generais quatro-estrelas reforçou sua posição de buscar estabilidade, legalidade e legitimidade, de forma que o Exército não seja fator de instabilidade. Falou também da importância da coesão da Força, considerada essencial, particularmente neste momento, e que o Exército já compreendeu a importância da serenidade para vencer os desafios que estão sendo enfrentados no País.

De acordo com interlocutores dos dois lados, Jungmann e Villas Boas se entenderam e a solução para o caso foi de consenso. Um dos interlocutores procurados pelo Broadcast Político (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) contou que eles alinharam as posições, preservando suas autoridades.

O consenso é que esta foi a melhor solução porque qualquer outro movimento poderia trazer para o Exército um problema político, já que poderiam surgir mais demonstrações de solidariedade criando uma bola de neve, com Mourão se transformando em vítima.

A princípio, Jungmann, que deixou o caso na mão de Villas Bôas, por ser ele o superior hierárquico direto do general Mourão, queria uma solução mais drástica para o caso, pelo problema político criado por ele. Mas, depois, foi convencido de que, a melhor coisa, neste momento, é evitar aumentar o grau da temperatura.

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