A disparada do dólar ante o real nesta sexta-feira, 28, influenciou os juros curtos e intermediários, praticamente consolidando as apostas de que a Selic (a taxa básica de juros da economia) subirá 0,50 ponto porcentual na próxima semana. Já as taxas longas até começaram o pregão em alta, mas foram perdendo fôlego e terminaram com leve viés de baixa, influenciadas pelo recuo dos yields (retornos) dos Treasuries (títulos do Tesouro americano) e também pela melhora de perspectiva macroeconômica trazida pela equipe formada por Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento), além do próprio Alexandre Tombini no Banco Central.
Em segundo plano, ficaram os dados do setor público consolidado, que apontaram superávit primário de US$ 3,729 bilhões em outubro (pior resultado para o mês desde 2002), e os números do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, que mostraram leve alta de 0,1% na margem.
Ao término da negociação regular na BM&FBovespa, a taxa do DI para janeiro de 2015 marcava 11,482%, de 11,444% no ajuste anterior. O juro para janeiro de 2016 indicava 12,46%, de 12,33% na véspera. O DI para janeiro de 2017 apontava 12,18%, de 12,07% no ajuste anterior. E o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 11,63%, igual ao ajuste de ontem.
O movimento altista da maioria dos vencimentos de juros ocorreu em consonância com o avanço do dólar. Depois que o Banco Central, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), atrelou o início do ciclo de alta da Selic à correção de preços relativos, especialmente do câmbio, o mercado passou a computar ainda mais o dólar. Assim, considerando que a moeda dos EUA estava pouco abaixo de R$ 2,50 na data do último encontro e que hoje teve valorização de 1,91% no balcão, a R$ 2,5670, já haveria uma natural pressão de alta sobre os juros.
Além disso, lembrou um operador, as palavras mais “hawkish” de Carlos Hamilton, diretor de Política Econômica do BC, na semana passada, suscitaram no mercado a percepção de que a autoridade monetária estaria disposta a acelerar o ritmo do aperto. Naquela ocasião, Hamilton afirmou que o BC não será complacente com a inflação e que, “se for adequado, irá recalibrar a política monetária”. “Para bom entender, pingo é i”, disse em seguida. Ontem, durante apresentação da nova equipe econômica, Tombini também disse que a autoridade monetária não seria complacente e que está “vigilante”.