Economia

Juro do cartão já está mais baixo que o do cheque especial

A taxa de juros da linha de crédito tradicionalmente mais cara do mercado, a do rotativo do cartão, começou a cair e, agora, já está menor do que a de outra fonte regular de dor de cabeça para o devedor, o cheque especial. Na semana de 10 a 17 de novembro, última base de dados disponível no site do Banco Central, os juros do cartão chegaram a 215% ao ano ou 10% ao mês. No mesmo período, a taxa dos juros do cheque especial alcançou 333,68% ao ano, 13% ao mês.

A principal razão para esse movimento é resultado das recentes regras do sistema rotativo de cartões que entrou em vigor em abril, fixando o limite máximo de sua utilização em 30 dias. Caso o valor total não seja pago nesse prazo, há uma migração automática para um parcelamento, com média de taxa de juros de 144,89% ao ano entre os cinco principais bancos do varejo – Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

“As pessoas não querem cair no parcelamento, então evitam o rotativo. Com menos procura, as taxas caem, mas o cliente busca outra fonte de crédito”, afirma o professor de finanças do Insper, Ricardo Rocha.

No entanto, ele não acredita que as taxas chegarão a níveis tão baixos para serem consideradas saudáveis. “Esse crédito é caro. Dependemos das reformas, do resultado das eleições e da certeza de que a economia se recuperou. Mais ou menos até 2020 veremos um sobe e desce dos juros”, aposta o professor.

Inadimplência

As altas taxas de inadimplência também justificam o alto custo dessa modalidade de crédito, aponta Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). “Seguimos em período de ajuste e o endividamento das famílias é alto. Enquanto as instituições não sentirem que esse risco baixou, também não vão reduzir suas taxas.”

Entre os principais bancos, a taxa média do rotativo total para pessoa física é de 326, 64% ao ano. A exceção é o Bradesco, que chega aos 696,16%. Procurado, o banco explicou, em nota enviada pela assessoria de imprensa, que “interpretar (as taxas de rotativos de cartões de créditos) depende de agregar fatores como a base de portfólios e o histórico estatístico”.

Segundo a instituição, ainda em nota, “é necessário ter uma visão ampla para análise das variações”. O Bradesco, contudo, não detalhou quais são as variantes empregadas nessa avaliação.

A concentração da oferta de crédito também colabora para que os efeitos da recuperação econômica não sejam sentidos pelo consumidor que busca por socorro financeiro. “É importante observar que os bancos têm pouca concorrência nesse sentido, além da liberdade para ajustar suas taxas como desejarem”, analisa Ricardo Rocha, do Insper.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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