Estadão

Juro médio no crédito livre sobe a 29,0% em abril; cheque especial sobe a 124,5%

Em meio aos efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia, a taxa média de juros no crédito livre passou de 28,5% ao ano em março para 29,0% ao ano em abril, informou nesta sexta-feira, 28, o Banco Central. Em abril de 2020, essa taxa estava em 31,3% ao ano.

Os números são influenciados pelos efeitos da segunda onda da pandemia de covid-19, que voltou a colocar em isolamento social parte da população e reduziu a atividade das empresas.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 40,9% para 41,0% ao ano de março para abril, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 13,9% para 14,7%.

<b>Cheque especial</b>

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 122,3% ao ano para 124,5% ao ano de março para abril. No crédito pessoal, a taxa passou de 33,7% para 34,5% ao ano.

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em 6 de janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao ano (151,82% ao ano).

<b>Revisões</b>

Além da limitação do juro, os dados desta sexta refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

<b>Veículos</b>

Os dados divulgados nesta sexta pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 20,6% ao ano em março para 21,3% em abril.

<b>Juros no crédito total</b>

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 20,0% ao ano em março para 20,3% ao ano em abril. Em abril de 2020, estava em 21,5%.

<b>ICC</b>

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,1 ponto porcentual em abril ante março, aos 17,2% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

<b>Spread</b>

O spread em operações de crédito apresentou ligeira elevação. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 22,4 pontos porcentuais em março para 22,5 pontos porcentuais em abril.

O spread médio da pessoa física no crédito livre caiu de 34,4 para 34,0 pontos porcentuais. Já para pessoa jurídica, o spread médio aumentou de 8,3 para 8,7 pontos porcentuais.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado foi de 4,1 para 3,8 pontos porcentuais na passagem de março para abril.

Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 15,1 para 15,0 pontos porcentuais no período.

<b>Inadimplência</b>

Apesar das dificuldades de famílias e empresas para fechar as contas, em meio à segunda onda da pandemia do novo coronavírus, a taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos seguiu em 2,9% de março para abril, informou o Banco Central. Os calotes em financiamentos mantêm-se neste piso desde dezembro do ano passado.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência permaneceu em 4,0% em abril. No caso das empresas, a taxa passou de 1,6% para 1,7%.

A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) foi de 1,1% para 1,2% na passagem de março para abril.

Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência passou de 2,1% para 2,2%.

<b>Endividamento</b>

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro ficou em 57,7% em fevereiro, ante 57,1% em janeiro, informou o Banco Central. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 35,5% em fevereiro, ante 35,1% em janeiro.

O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas dividido pela renda no período de 12 meses. Além disso, incorpora os dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE.

Em função da metodologia utilizada, os números de endividamento sempre eram divulgados com apenas um mês de defasagem. Em setembro, no entanto, o BC havia adiado a divulgação de dados referentes ao endividamento e ao comprometimento de renda das famílias brasileiras, em função de alterações de datas promovidas pelo IBGE. Agora, o BC atualiza os números, com referência em fevereiro.

Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu 30,7% em fevereiro, ante 31,0% em janeiro. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 28,1% em fevereiro, ante 28,4% em janeiro.

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