Estadão

Juro médio no crédito livre sobe a 39% em junho; cheque especial avança a 129,2%

Como efeito do ciclo de alta acelerada da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa média de juros no crédito livre passou de 38,0% ao ano em maio para 39,0% ao ano em junho, informou nesta segunda-feira, 29, o Banco Central. Em junho de 2021, era de 28,4%.

Nesta segunda, o BC divulgou os dados de maio e junho, mas as Estatísticas de Crédito continuam defasadas devido aos efeitos da greve dos servidores do órgão, encerrada no início de julho. Nesta época do ano, já estariam disponíveis os números do sétimo mês de 2022.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 50,4% para 51,5% ao ano de maio para junho, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 21,9% para 22,6%.

<b>Cheque especial</b>

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 127,9% ao ano para 129,2% ao ano de maio para junho No crédito pessoal, a taxa passou de 40,6% para 41,4% ao ano.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

<b>Revisão da série</b>

Além da limitação do juro, os dados atuais refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. Os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura.

Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

<b>Veículos</b>

Os dados divulgados nesta segunda pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 27,2% ao ano em maio para 27,4% em junho.

<b>Juros no crédito total</b>

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 27,6% ao ano em maio para 28,1% ao ano em junho. No sexto mês de 2021, estava em 20,0%.

<b>ICC</b>

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,3 ponto porcentual em junho ante maio aos 20,5% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

<b>Spread</b>

O spread em operações de crédito apresentou elevação em junho. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 25,9 pontos porcentuais em maio para 26,5 pontos porcentuais em junho.

O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 38,0 para 38,7 pontos porcentuais entre maio e junho. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 10,2 para 10,5 pontos porcentuais.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado foi de 3,2 para 3,6 pontos porcentuais na passagem de maio para junho. Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 17,2 para 17,7 pontos porcentuais do quinto para o sexto mês do ano.

<b>Inadimplência</b>

A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos ficou estável em 3,6% de maio para junho, informou o Banco Central. Em abril, estava em 3,5%.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência foi mantida em 5,2% de um mês para outro. No caso das empresas, ficou em 1,7% em maio e junho.

A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) passou de 1,3% em maio para 1,2% em junho.

Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência ficou estável em 2,7% de maio para junho.

<b>Endividamento das famílias</b>

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou maio em 52,8%, novo recorde da série histórica do Banco Central. Em abril, estava em 52,7%. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 33,5% no quinto mês, ante 33,4% no mês anterior.

Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou maio em 27,6%, ante 27,4% em abril.

Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 25,6% no quinto mês do ano, ante 25,4% em abril.

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