Estadão

Juro no crédito livre sobe a 33,9% em dezembro; cheque especial cai a 127,6%

Em meio ao ciclo de alta acelerada da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa média de juros no crédito livre passou de 33,7% ao ano em novembro (dado revisado) para 33,9% ao ano em dezembro, informou nesta sexta-feira, 28, o Banco Central.

Antes do BC iniciar o ciclo de aperto monetário, no último mês de 2020, essa taxa estava em 25,5% ao ano, ou seja, subiu 8,4 pontos porcentuais em 2021. A Selic, por sua vez, subiu 7,25 pontos porcentuais, de 2,0% para 9,25%, durante o ano passado.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 44,4% (dado revisado) para 45,1% ao ano de novembro para dezembro, enquanto para as pessoas jurídicas continuou em 20,0%. No fim de 2020, essas taxas eram de 37,2% e 11,6%, nessa ordem.

<b>Cheque especial</b>

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 129,5% ao ano (dado revisado) para 127,6% ao ano de novembro para dezembro. No crédito pessoal, a taxa passou de 36,3% para 37,6% ao ano. As taxas eram de 115,6% e 30,3% no fim de 2020.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Além da limitação do juro, os dados atuais refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. Os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

<b>Veículos</b>

Os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 27,5% ao ano em novembro para 26,8% em dezembro. Era 19,2% no último mês de 2020.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 24,0% ao ano (dado revisado) em novembro para 24,4% ao ano em dezembro. No mesmo mês de 2020, estava em 18,4%.

<b>ICC</b>

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,1 ponto porcentual em dezembro ante novembro, aos 18,4% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

<b>Spread</b>

O spread em operações de crédito apresentou elevação no último mês. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 23,0 pontos porcentuais em novembro (dado revisado) para 23,7 pontos porcentuais em dezembro, informou nesta sexta o Banco Central. Em dezembro de 2020, era de 20,9 pontos porcentuais.

O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 33,5 (dado revisado) para 34,8 pontos porcentuais entre novembro e dezembro. Era de 32,1 pontos porcentuais no fim de 2020. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 9,6 (dado revisado) para 10,0 pontos porcentuais entre os dois últimos meses de 2021. No fim de 2020, era de 7,7 pontos porcentuais.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado foi de 3,3 (dado revisado) para 3,2 pontos porcentuais na passagem de novembro para dezembro. No fim de 2020, era de 4,9 pontos porcentuais.

Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 15,3 (dado revisado) para 15,8 pontos porcentuais entre os dois últimos meses de 2021. Em dezembro de 2020, estava em 14,4 pontos porcentuais.

<b>Inadimplência</b>

Mesmo com as dificuldades de famílias e empresas para fechar as contas, em meio à pandemia de covid-19, a taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos ficou estável em 3,1% de novembro para dezembro, informou o Banco Central. No último mês de 2020, estava em 2,9%.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência foi de 4,3% para 4,4% entre novembro e dezembro. No caso das empresas, a taxa passou de 1,6% para 1,5%. No final de 2020, estavam em 4,2% e 1,4%, respectivamente.

A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) se manteve em 1,2% na passagem de novembro para dezembro. No último mês de 2020, estava em 1,1%.

Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência seguiu em 2,3% pelo oitavo mês seguido em dezembro, ante 2,1% no fim de 2020.

<b>Endividamento</b>

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro voltou a aumentar em outubro, para 51,2%, de 50,4% em setembro (dado revisado), o que configura um novo recorde da série, informou o Banco Central (BC). Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 31,9% em outubro, ante 31,3% em setembro (dado revisado).

Na última divulgação, o BC informou atualização da metodologia de cálculo do endividamento das famílias e do comprometimento de renda. Antes da mudança, o endividamento das famílias estava em 59,9% até agosto, que também era o maior nível da série que foi descontinuada.

Em dezembro, o BC explicou que a nova metodologia considera a Renda Nacional Disponível Bruta das Famílias (RNDBF) restrita, em vez da Massa Salarial Ampliada Disponível (MSAD). A nova medida de renda das famílias inclui recursos recebidos extraordinariamente pelas famílias, como o saque emergencial do FGTS e o auxílio emergencial, e desconsidera rendas de aluguéis, rendas distribuídas das empresas para as famílias e rendas de investimentos.

Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu 27,9% em outubro, ante 27,1% em setembro (dado revisado). Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 25,6% no décimo mês, ante 24,9% em setembro (dado revisado).

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