Em meio ao ciclo de alta acelerada da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa média de juros no crédito livre passou de 35,3% ao ano em janeiro para 36,5% ao ano em fevereiro, informou nesta quinta-feira, 28, o Banco Central. Em fevereiro de 2021, essa taxa estava em 28,1% ao ano.
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 46,3% para 48,1% ao ano de janeiro para fevereiro, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 21,4% para 21,5%.
Com a trégua na greve dos servidores do BC, a autarquia começou a atualizar boletins e divulgações que estavam atrasadas, como as estatísticas monetárias e de crédito. Mas os dados apresentados nesta quinta ainda estão defasados. As informações de fevereiro deveriam ter sido conhecidas no final do mês passado. Nesta quinta, era para ser divulgado o resultado de março.
<b>Cheque especial</b>
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 125,7% ao ano para 132,6% ao ano de janeiro para fevereiro. No crédito pessoal, a taxa passou de 23,1% para 22,9% ao ano.
Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).
Além da limitação do juro, os dados atuais refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. Os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.
<b>Veículos</b>
Os dados divulgados nesta quinta pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 26,9% ao ano em janeiro para 26,5% em fevereiro.
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 25,3% ao ano em janeiro para 25,7% ao ano em fevereiro. No mesmo mês de 2021, estava em 19,8%.
<b>ICC</b>
Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) subiu 0,4 ponto porcentual em fevereiro ante janeiro, aos 19,4% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.
Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.
<b>Spread</b>
O spread em operações de crédito apresentou elevação no último mês. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 24,6 pontos porcentuais em janeiro para 25,5 pontos porcentuais em fevereiro.
O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 35,4 para 36,9 pontos porcentuais no período. Para pessoa jurídica, o spread médio cedeu de 10,9 para 10,7 pontos porcentuais.
O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.
O spread médio do crédito direcionado foi de 3,2 para 3,5 pontos porcentuais na passagem de janeiro para fevereiro.
Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 16,2 para 16,8 pontos porcentuais no período.
<b>Inadimplência</b>
A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos permaneceu em 3,3% de janeiro para fevereiro, informou o Banco Central.
Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência passou de 4,6% para 4,7% de um mês para o outro. No caso das empresas, os calotes caíram de 1,6% para 1,5% no período.
A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) aumentou de 1,3% para 1,4%% em fevereiro.
Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência seguiu em 2,5%, como no mês anterior.