Os juros futuros oscilaram entre queda moderada nos vencimentos de curto e médio prazos, enquanto os vértices longos rondaram os ajustes, durante todo o dia, com impactos limitados tanto do comunicado do Federal Reserve seguido da entrevista do presidente da instituição, Jerome Powell, quanto da elevação do rating de crédito do Brasil pela Fitch, de BB- para BB.
Enquanto o texto deixou em aberto os próximos passos da política monetária americana, as indicações de Powell foram lidas como "levemente" dovish. Assim, a curva local acabou espelhando a dos Treasuries – o yield da T-Note de 2 anos caiu mais do que o retorno da de 10 anos. Já a melhora da nota soberana é vista como positiva, mas esperada.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 caiu de 12,63% para 12,61%, ainda no menor nível desde 4/5/2022 (12,51%), e a do DI para janeiro de 2025, de 10,63% para 10,60%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,15%, de 10,14% ontem. A do DI para janeiro de 2029 estava em 10,56%, de 10,52%.
A decisão de elevar a taxa dos Fed funds em 25 pontos-base, para a faixa de 5,25% e 5,50%, estava precificada e o mercado buscava sinalização sobre se esta seria a última alta do ciclo. Ainda que o comunicado tenha deixado tal possibilidade em aberto e que Powell tenha evitado dar "forward guidance", as apostas em mais uma elevação de juros até dezembro recuaram.
Incluídas as ponderações de praxe, como a de que a inflação ainda segue bem acima da meta de 2% e há "um caminho pela frente" no processo de desinflação, Powell disse que elevar os juros até inflação chegar à meta "seria estratégia errada" e que há sinais de arrefecimento da demanda no mercado de trabalho.
"O comunicado foi neutro, mas Powell novamente mostrou que não quer mais subir os juros. O discurso é de quem quer parar, mas temos de aguardar os próximos dados", disse a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
Tanto nos Treasuries quanto nos DIs, a reação mais visível foi na ponta curta, ainda que no livro-texto as taxas longas no Brasil sejam as mais influenciadas pelo humor externo. Porém, no raciocínio do mercado, se o juro nos EUA não subir mais no curto prazo, haverá melhora do câmbio via diferencial de juros e "menor pressão sobre o BC".
Com o compasso de espera pelo Fed prevalecendo em boa parte do dia, o impacto do anúncio da Fitch acabou sendo limitado, até porque era, em boa medida, esperado após a S&P ter elevado a perspectiva do rating brasileiro. A mudança é vista como positiva, mas os agentes continuam relativamente céticos sobre possibilidade de o Brasil voltar a conquistar o grau de investimento ainda no governo Lula, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje acreditar.