Estadão

Juros: Alívio externo e queda do dólar abrem espaço para correção e taxas recuam

Os juros futuros terminaram a segunda-feira, 25, em queda, em continuidade ao movimento de alívio de prêmios na curva já visto na sexta-feira, hoje estimulado pelo bom humor do ambiente externo e queda do dólar. O recuo, no entanto, não teve respaldo de liquidez, com investidores preferindo aguardar os eventos da semana para montar posições mais firmes. Amanhã, sai o IPCA-15 de julho e, na quarta-feira, o Federal Reserve tem reunião de política monetária.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,835%, de 13,866% no ajuste de sexta-feira; a do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,812% para 13,735%; a do DI para janeiro de 2025, de 13,265% para 13,18%; e a do DI para janeiro de 2027 fechou em 13,14%, de 13,24%.

Os vencimentos longos eram os que mais tinham espaço para devolver a alta, após a pressão recente imposta pelos receios fiscais. Não que tenham sido deixados de lado, mas hoje o clima ameno nos mercados internacionais e a agenda fraca no Brasil autorizaram alguns ajustes.

A economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal, destaca que, diante do noticiário escasso e níveis já muito elevados nos prêmios, a melhora do humor global acaba favorecendo a sequência do correção na curva, que, porém, se deu com volume escasso em função da agenda da semana. "Temos amanhã o IPCA-15 de julho, dado ultrarrelevante para juros, e na quarta, a reunião do Fed", afirmou.

Na pesquisa do Projeções Broadcast, a mediana das estimativa para o índice cheio é de 0,16%, ante 0,69% em junho, taxa também esperada pela SulAmérica. "A desaceleração será puxada pela deflação artificial dos preços administrados. Por isso, o mercado terá atenção total aos núcleos, serviços subjacentes e os preços que são mais inerciais", afirma Victal.

O IPCA-15 será o principal dado a ser conhecido antes do Copom da próxima semana e tem potencial para mexer com as apostas do mercado para a Selic. Talvez não para a agosto, mas quanto ao plano de voo da autoridade monetária, indicando se será possível encerrar o ciclo na semana que vem. "O balanço de riscos do BC piorou desde a última reunião. O desafio da desinflação aumentou com sinais do mercado de trabalho mais aquecido e as medidas fiscais", explicou a economista, referindo-se à PEC dos Benefícios. Ela prevê altas de 0,5 ponto porcentual em agosto e 0,25 ponto em setembro, com Selic terminal de 14%.

Lá fora, os rendimentos dos Treasuries tiveram hoje alta moderada, em dia de leilão de US$ 45 bilhões em T-Notes de 2 anos do Tesouro americano, mas que não chegaram a afetar a curva local. O mercado mantém a aposta de que o Federal Reserve não deve acelerar o ritmo de aperto do juro, aplicando nova dose de 75 pontos-base amanhã, e a grande expectativa é pelo comunicado e entrevista de Jerome Powell para projetar os próximos passos.

O mercado de juros também não se incomodou com o avanço das commodities, até porque esse desempenho ajudou o real. O dólar fechou em queda de 2,35%, aos R$ 5,3697. O pano de fundo foi a informação de que a China lançará um fundo imobiliário para ajudar o setor a resolver uma crise de dívida incapacitante, de até 300 bilhões de yuans (US$ 44 bilhões).

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