Estadão

Juros caem acompanhando movimento dos retornos dos Treasuries e do petróleo

Os juros fecharam em queda firme nos principais contratos, influenciados pelo mercado internacional. O forte recuo no rendimento dos Treasuries, a fraqueza do dólar e os preços do petróleo em baixa encorajaram a montagem de posições vendidas de olho nos gordos prêmios da curva dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), num dia de agenda e noticiário domésticos escassos.

O depoimento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Senado americano foi recebido com alívio, resultando em melhora do apetite pelo risco em parte da sessão, mas no fim da tarde a cautela voltava a prevalecer, dado o risco do aperto monetário promovido pelos principais bancos centrais abalar a economia global.

A taxa do DI para janeiro de 2023 encerrou a sessão regular em 13,55%, de 13,568% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,19% para 13,09%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa em 12,31%, de 12,464%, e a do DI para janeiro de 2027 ficou em 12,235%, de 12,394%.

Powell disse que a instituição está fortemente comprometida a reduzir a inflação e atuando rapidamente para garantir que isso se concretize, admitindo que a ação do Fed deve tirar fôlego do PIB, mas, ao mesmo tempo, vê a economia americana "muito forte e bem posicionada para lidar com a política monetária mais apertada".

"Por mais que tenha focado na inflação, o discurso não foi mais hawkish do que o esperado. O que é algo subjetivo, mas acaba fazendo preço num dia esvaziado de notícias", disse o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, para justificar a reação inicialmente positiva dos mercados às declarações do chairman.

De todo modo, diante do risco de um "choque de juros" nos EUA causar uma recessão, os yields dos Treasuries tombaram, com o da T-Note saindo do nível de 3,28% ontem para 3,15% no fim da tarde. O dólar, após certo vaivém durante a sessão, se firmou em alta na reta final.

O pessimismo sobre os efeitos da política monetária mais restritiva pelo mundo pegou em cheio também commodities como o minério e o petróleo, que caiu 3%. "Os preços estão sob pressão, pois a recessão global teme as chamadas aceleradas de destruição da demanda por petróleo. As preocupações com a inflação e o crescimento não melhorarão tão cedo e isso faz com que todos os fatores de curto prazo se tornem negativos para as perspectivas de demanda", avalia Edward Moya, analista de mercado financeiro da Oanda em Nova York.

A cotação do Brent voltando a mais perto dos US$ 110 citados no cenário do Banco Central traz alento e "vem em boa hora num momento de celeuma sobre os combustíveis", avalia Caramaschi, nesta reta final de processo de ajuste da Selic.

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