Juros caem com indústria mais fraca e otimismo fiscal renovado

A produção industrial mais fraca do que o esperado, a retomada do otimismo com a agenda fiscal e a perspectiva de vacinação contra a covid-19 já na próxima semana no Reino Unido resultam em uma abertura em queda das taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) mesmo depois do tombo de ontem. A avaliação é do economista-chefe do banco de investimentos Haitong, Flávio Serrano. O IBGE divulgou às 9 horas que a produção industrial sobe 1,1% em outubro ante setembro. O resultado veio abaixo da mediana de 1,40%, calculada pelo Projeções Broadcast a partir das estimativas (0,40% a 2,50%).

O dólar futuro em alta afeta o segmento de juros futuros no sentido de reduzir a intensidade da baixa das taxas longas, que bateram máximas perto das 9h15, quando o DI para janeiro de 2022 estava em 3,09% perto da mínima intraday de 3,07% ante 3,135% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2027 marcava máxima a 7,34% ante 7,30% na mínima intraday e 7,36% no ajuste de ontem.

Uma renovação das esperanças com a agenda fiscal, o risk-on nos mercados globais e o sucesso do maior leilão da história de NTN-Bs fizeram as taxas intermediárias e longas encerrarem a terça-feira com baixa de 20 pontos-base, aproximadamente. O otimismo com propostas fiscalistas aconteceram com as notícias sobre votação da reforma tributária ainda neste ano e marcação da data para LDO (em 16/12) no Congresso, além de declaração do presidente Jair Bolsonaro de que alguns querem perpetuar benefícios e que isso levará ao "insucesso".

O risco de o Brasil sofrer apagões, destacado pelo presidente Bolsonaro também ontem, foi em, certa medida, corroborado pelo ONS. O operador nacional divulgou relatório à noite apontando que os reservatórios das usinas hidrelétricas estão com baixa armazenagem de água e que já tomou algumas medidas para reduzir riscos ao sistema elétrico brasileiro.

O aumento da bandeira tarifária pela Aneel na segunda-feira aconteceu nesse contexto e surtiu efeito macroeconômico. Ou seja, "importou" para 2020 uma inflação que não existia. Resta saber se o aumento na conta de luz trará resultado esperado, que é frear o consumo de eletricidade e, assim, reduzir o risco de apagão e os consequentes prejuízos e surpresas ao ritmo da recuperação da economia. Essa possibilidade ainda não está no radar e nas projeções de analistas do mercado.

No exterior, a notícia sobre vacinação dentro de pouco tempo no Reino Unido e sobre a possibilidade de não haver acordo sobre o Brexit impõe forças contraditórias no mercado. Lá fora, a agenda é cheia, com destaque para dados do mercado de trabalho nos EUA (ADP) e Livro Bege.

Hoje cedo, a Fipe divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, avançou 1,03% em novembro ante outubro. Trata-se de uma desaceleração frente ao acréscimo de 1,19% verificado em outubro e também à alta de 1,09% registrada na terceira quadrissemana do mês passado. O resultado veio dentro do intervalo apontado pelo Projeções Broadcast, que ia de 0,70% a 1,17%, com mediana de 1,02%.

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