Os juros futuros encerraram a sessão regular em queda. O temor de recessão global traduzido no recuo expressivo dos rendimentos dos Treasuries trouxe alívio às taxas locais em geral, prevalecendo à pressão contrária da alta do dólar e do petróleo, num dia em que também matérias primas agrícolas tiveram queda generalizada.
Os indicadores de gerentes de compra (PMI, em inglês) industriais fracos nos Estados Unidos e na zona do euro reduziram as apostas de política monetária mais agressivas pelos bancos centrais. Por aqui, o cenário fiscal continua preocupante, mas a expectativa de aceleração no trâmite da PEC dos Benefícios para ser aprovada na semana que vem na Câmara sem alterações quanto ao texto que veio do Senado também ajudou a curva a fechar.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou com taxa de 13,695%, de 13,79% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,381% para 13,325%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 12,63%, de 12,71%, e a do DI para janeiro de 2027, em 12,61%, de 12,65%. Na semana, porém, houve ganho de inclinação, com o diferencial negativo entre os DIs para janeiro de 2027 e janeiro de 2024 passando de -78 pontos na última sexta-feira para -71 pontos neste dia 1º de julho.
As taxas começaram o dia em queda, chegaram a virar para alta no meio da manhã quando o dólar ganhava mais fôlego mas o movimento não se sustentou, dado que os juros dos Treasuries foram ainda mais para baixo dos 2,90% no caso das T-Notes de 2 e 10 anos. "Se tivermos crescimento global menor, a demanda por commodities deve cair e os BCs não deverão precisar ser tão duros", explica o operador de renda fixa da Mirae Asset Paulo Nepomuceno.
O quadro para as contas públicas segue incômodo, com a PEC dos Benefícios aprovada na quinta-feira pelo Senado elevando o gasto extra teto a R$ 41,25 bilhões após inserção de benesses de última hora. Ao menos, teve a boa notícia de que ajuste no texto limitou o potencial de gastos a ser permitido pela decretação do estado de emergência.
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), disse que intenção é unir a proposta com a PEC dos biocombustíveis, que já tramita na Câmara, e votar sem alterações. "Se a proposta passar na Câmara da forma como foi aprovada no Senado, vai direto para promulgação pelo Congresso", disse Barros.
Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust, disse que as negociações que estão sendo feitas na Câmara para acelerar a aprovação do texto na Casa trazem algum alento. "Caem as chances de "novas manobras fiscais", disse.