As expectativas com o cenário eleitoral puxaram as taxas de juros para baixo pelo segundo dia consecutivo nesta terça-feira, 7, após o primeiro turno das eleições, realizado no último domingo, mostrar um forte desempenho do candidato Aécio Neves (PSDB). Os investidores monitoram agora a possibilidade de a candidata Marina Silva (PSB) anunciar um apoio formal ao candidato mineiro, que disputará o segundo turno com a presidente Dilma Rousseff (PT).
No fim do pregão regular da BM&F Bovespa, a taxa do depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2015 (255.605 contratos) estava em 10,944%, de 10,959% no ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2016 (148.835 contratos) apontava 11,78%, de 11,84% no ajuste da véspera. O DI para janeiro de 2017 (311.440 contratos) mostrava 11,77%, de 11,94% na sessão anterior. E o DI para janeiro de 2021 (197.005 contratos) indicava 11,45%, ante 11,67%.
Marina disse, em nota oficial, que definirá posição sobre segundo turno na quinta-feira. De acordo com a colunista Sonia Racy, do jornal “O Estado de S.Paulo”, a ex-ministra teria concordado em apoiar Aécio em troca de ajustes no programa de governo tucano. Marina quer a inclusão da sustentabilidade na agenda e inserção de algumas de suas propostas nas áreas de educação e ambiente. O grupo político da ex-candidata à Presidência não foi ainda registrado como partido e está inserido, por tempo ainda indeterminado, no PSB.
Na nota oficial, Marina afirmou também que as opiniões individuais de cada partido, dirigentes e líderes das legendas da Coligação Unidos pelo Brasil, da qual fez parte, “devem ser respeitadas”, mas não refletem, “em nenhuma hipótese”, o seu posicionamento no segundo turno.
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, reiterou nesta terça-feira o aceno que fez a Marina, dizendo que há convergências importantes entre as propostas de governo dela e as suas. “Reitero que nossa proposta de governo está sempre aberta às novas contribuições porque o projeto de governo está aberto aos aprimoramentos.”
A forte queda dos yields dos Treasuries nos EUA também contribuiu para o declínio das taxas de juros no Brasil. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano caíram em meio à aversão ao risco devido a preocupações com o enfraquecimento da economia global.
Esse temores ganharam força após dados mostrarem uma queda maior que a esperada da produção industrial da Alemanha em agosto e de uma revisão em baixa das projeções econômicas para este ano pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A produção industrial (ajustada) da Alemanha caiu 4,0% em agosto em relação a julho, acima da projeção de queda de 1,5%. Na comparação anual, a produção recuou 2,8%. O FMI disse que, para 2014, a expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) global cresça 3,3%, ante 3,4% estimados em julho, quando foi divulgado o último relatório da instituição. Para 2015, a projeção baixou de 4% para 3,8%.
O Fundo rebaixou novamente a previsão de crescimento do Brasil para este ano e o próximo. O País deve ter uma das menores taxas de crescimento em 2014 entre os principais países emergentes, avançando 0,3% em 2014. Para 2015, o FMI projeta expansão de 1,4%, abaixo dos 2% que estimava em julho.
Os únicos destaques da agenda doméstica de indicadores foram os números da inflação. o IGP-DI calculado pela FGV subiu apenas 0,02% em setembro, de 0,06% em agosto e abaixo do piso das previsões do AE Projeções, que iam de +0,09% a +0,32%, com mediana +0,14%. O IPCA ponta também mostrou arrefecimento, de acordo com fonte que teve acesso ao dado, de 0,49% para 0,41% na passagem de sexta-feira para ontem.