Os juros futuros fecharam próximos dos ajustes, mas com viés de baixa ao longo de toda a curva. Sem fundamentos expressivos, o dia foi marcado por ajustes técnicos após a forte alta de ontem, de até 20 pontos. As taxas aqui ficaram mais descoladas dos Estados Unidos, onde os rendimentos dos Treasuries subiram em bloco, até 14 pontos no caso do papel de dois anos.
Os contratos de depósito interfinanceiro (DI) passaram a manhã em alta, acompanhando as taxas americanas, enquanto o mercado ajustava apostas no início do ciclo de cortes de juros do país. À tarde, viraram para o negativo, em um movimento atribuído por profissionais do mercado a um ajuste de posições e à moderação na alta do dólar ante o real.
No fim do dia, o DI mais negociado da sessão, para janeiro de 2025, tinha taxa de 10,105%, contra 10,125% no ajuste anterior. Os juros dos outros DIs mais líquidos também cederam ante os ajustes: janeiro de 2026 (9,792% para 9,760%), janeiro de 2027 (9,948% para 9,930%) e janeiro de 2029 (10,352% para 10,345%).
Segundo o gerente de renda fixa e distribuição de fundos da Nova Futura Investimentos, André Alírio, o forte aumento das taxas, ontem, criou um cenário convidativo a ajuste técnico nos DIs, hoje, o que explica o descolamento entre os juros brasileiros e os americanos nesta sessão. "Estava na cara que o movimento de ontem foi forte demais e hoje, à medida que o mercado vai aumentando o volume, vai fechando um pouco esse gap", afirma.
O economista da Pezco Helcio Takeda lembra que a queda dos juros futuros brasileiros foi menor do que a dos Treasuries no fim do ano passado, devido à limitação imposta pela incerteza fiscal doméstica. Agora, ele diz, a reprecificação das taxas americanas tem sido mais intensa, já que a curva doméstica tem mais gordura para queimar e os dados do Brasil sugerem um cenário menos pessimista.
"Ontem tivemos dados de serviços e, hoje, do varejo, mostrando que novembro aparentemente foi um mês bom para a atividade econômica. Combinado à surpresa com a inflação de dezembro, talvez isso mostre que estamos próximos de um ponto mínimo de atividade e, se isso for verdade, coloca uma limitação para uma desinflação adicional", afirma.
Para o gestor de multimercados e renda fixa da Mag Investimentos, Ricardo Jorge, o fato de que dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) evitaram tratar da política monetária ajudou a limitar o movimento dos DIs. Ontem, a curva dos Estados Unidos e a brasileira abriram após declarações de um diretor da autoridade.