As taxas futuras de juros com prazos curtos subiram nesta sexta-feira, 31, em função dos dados fiscais ruins divulgados pelo governo pela manhã, mas também houve uma continuidade do movimento de ontem, após o Banco Central elevar a Selic de 11,00% para 11,25% na noite de quarta-feira. Entre os contratos mais longos, o primeiro impacto do resultado fiscal foi de alta das taxas, mas depois disso houve certa acomodação. Na prática, a curva traduz a percepção de que os juros continuarão a aumentar no curto prazo e, no futuro mais distante, poderão até ceder. Mas isso dependerá, é claro, de mudanças também na área fiscal. Por isso o mercado segue atento à definição da equipe econômica para o segundo mandato de Dilma Rousseff.
Assim, ao término da negociação regular da BM&FBovespa, a taxa do DI para janeiro de 2015 marcava 11,275%, de 11,256% no ajuste anterior. Os juros para abril e julho de 2016 estavam em 11,65% e 11,91%, de 11,64% e 11,88% ontem, respectivamente. A taxa do DI para janeiro de 2016 indicava 12,22%, de 12,16% na véspera. O DI para janeiro de 2017 apontava 12,28%, de 12,23% no ajuste anterior. E o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 11,98%, de 12,09% no ajuste anterior.
Pela manhã, o Tesouro Nacional informou que o governo central (Previdência, Tesouro e Banco Central) teve déficit de R$ 20,399 bilhões em setembro, jogando o acumulado do ano para o negativo em US$ 15,705 bilhões. É a primeira vez que o governo registra um rombo desde 1997, quando teve início a série histórica. O déficit de setembro – antecipado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, há três semanas – é o quinto resultado negativo consecutivo registrado nas contas do governo central em 2014. Apenas em três meses (janeiro, março e abril), as contas do governo ficaram no azul em 2014.
Já os dados do setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras), divulgados pelo Banco Central, mostraram um déficit primário de R$ 25,491 bilhões em setembro. Este também é o pior resultado da série histórica. Também foi a primeira vez que o BC registrou déficit no resultado do setor público no acumulado do ano (R$ 15,286 bilhões).
Os números reforçaram a percepção de que a economia vai mal e o País corre o risco de ter seu rating rebaixado. Isso, no limite, poderia prejudicar ainda mais o fluxo de investimentos para o País. A Austin Ratings, aliás, rebaixou hoje a classificação de longo prazo do Brasil de BBB para BBB-, sendo que a perspectiva é estável.
No exterior, o BoJ surpreendeu o mercado ao anunciar novas medidas de estímulos à economia, reforçando suas compras de ativos pela primeira vez em um ano e meio, em um cenário em que a meta de inflação, de 2% ao ano, parece cada vez mais insustentável. Entre as medidas, está o aumento do seu volume anual de compras de ativos, para 80 trilhões de ienes, acima dos 60 trilhões de ienes anteriores. A base monetária também será ampliada, para 80 trilhões de ienes, com projeção de chegar ao patamar de 275 trilhões de ienes no fim do ano.