Os juros futuros zeraram a queda e fecharam perto da estabilidade no caso dos curtos e em leve alta dos longos, após terem passado a maior parte do dia em baixa, influenciados pela deflação do IPCA e pelo recuo do dólar ante o real. Ao final da sessão regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2018 (229.190 contratos) fechou com taxa de 8,790%, de 8,800% no ajuste de ontem, e a taxa do DI para janeiro de 2019 terminou na máxima de 8,79%, ante 8,74% no ajuste anterior. Nos longos, a taxa do DI para janeiro de 2021 (189.545 contratos) subiu de 9,96% para 10,01% (máxima); e a do DI janeiro de 2025 (37.610 contratos) também fechou na máxima, de 10,79%, de 10,70% ontem no ajuste.
Profissionais da área de renda fixa afirmaram que o mercado ficou mais cauteloso no final da sessão regular, recolocando um pouco de prêmio na curva em função dos riscos políticos. “A turbulência política voltou a pesar, com sinais de racha na base do governo e avaliações de que o desfecho da votação na CCJ sobre a denúncia contra Temer possa, no fim, ser negativo para as reformas”, avaliou o estrategista-chefe da CA Indosuez, Vladimir Caramaschi. “Se houver de fato a transição de poder, não parece que vai ser tranquila. Não há acordo no PSDB. De um lado Tasso, avançando o sinal, por outro lado Aloysio e Doria cautelosos”, completou.
Além disso, à tarde, teria pesado sobre o mercado a notícia de que dois diretores do BNDES, Vinicius Carrasco e Claudio Coutinho, pediram demissão, diante da posição da nova gestão do banco de se manter aberta ao debate em torno da Medida Provisória (MP) 777, que cria a Taxa de Longo Prazo (TLP). Em entrevista ontem ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES, disse que atrelar a TLP a um título público torna a taxa “muito mais nervosa” do que a atual Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que é definida a cada três meses pelo governo.
Pela manhã, a deflação do IPCA de 0,23% em junho, o menor resultado para o mês desde o início do Plano Real e a primeira queda da série histórica desde junho de 2006 (-0,21%), reforçou a aposta de queda da Selic em 1 ponto porcentual em julho e pressionou os juros para baixo. Também contribuiu para esta trajetória o recuo do dólar, que às 16h39 era cotado em R$ 3,2842 (-0,47%).