O IPCA-15 de julho e seus núcleos sacudiram o mercado de juros nesta sexta-feira, 23, com disparada das taxas, sendo que os vértices curtos e intermediários fecharam com alta perto de 30 pontos-base.
A reação foi muito além do fato de o índice ter superado a mediana das estimativas, englobando uma abertura considerada bastante negativa e que desencadeou uma série de revisões para cima na inflação e Selic.
Parte do mercado já se preparava na tarde de ontem para a possibilidade de um índice salgado, do mesmo modo que havia expectativa negativa para preços de serviços. Mas, ainda assim, a leitura conseguiu surpreender, com preços de abertura piores do que o esperado. Não somente serviços (0,30% para 0,71%), mas também serviços subjacentes (0,54% para 0,60%) e preços livres (0,50% para 0,65%) superaram o teto do levantamento.
Na etapa vespertina, os juros continuaram renovando máximas em sequência, fruto de intenso movimento de stop loss (zeragem de posições) de vendidos que reverberaram por toda a estrutura da curva e catapultaram o volume de contratos negociados.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 6,05% (5,835% ontem), pela primeira vez acima de 6% desde março de 2020 (6,20%), quando a pandemia estava começando.
A do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,193% para 7,47% e a do DI para janeiro de 2025, de 8,115% para 8,34%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 8,73%, de 8,553%. A inclinação medida pelo spread entre os vencimentos de janeiro de 2022 e janeiro de 2027 caiu de 272 pontos-base ontem para 268 pontos hoje, com queda também em relação à última sexta-feira (280 pontos).
Na curva a termo, as apostas de alta de 1 ponto em detrimento das de 0,75 ponto vinham perdendo força ao longo da semana, mas hoje voltaram com tudo. Para o Copom de agosto e setembro, voltaram a ser amplamente majoritárias, com probabilidade, ambas, de 85%, contra chance de 15% de 0,75 ponto. Para o encerramento de 2021, a curva precificava 7,60%, de 7,25% ontem.