Estadão

Juros: DIs longos sobem com Treasuries e incerteza fiscal e curva ganha inclinação

Os juros futuros encerraram a sessão desta sexta-feira, 15, com alta leve na ponta curta e mais intensa no trecho longo, refletindo principalmente aumentos nos rendimentos dos Treasuries às vésperas da próxima "super quarta", no dia 20 – quando o Federal Reserve e o Banco Central do Brasil decidem sobre suas taxas de juros. Na última hora do pregão, o temor fiscal voltou à tona e ampliou o ganho das taxas longas.

A incerteza fiscal surgiu com mais força após o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), ter dito que é "quase impossível" zerar o déficit primário no ano que vem. Conforme informação divulgada inicialmente pela coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, Forte ainda afirmou em audiência na Alerj ter "dó" do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que estabeleceu a meta.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 passou de 12,280% no ajuste anterior para 12,290%; o DI para janeiro de 2025, de 10,393% para 10,425%; o DI para janeiro de 2027, de 10,244% para 10,330%; o DI para janeiro de 2029, de 10,801% para 10,910%; e o DI para janeiro de 2031, de 11,119% para 11,220%. O diferencial entre os contratos para 2025 e 2029 passou de 42,5 pontos-base no ajuste da última sexta-feira, 8, para 48,5 pontos, o que mostra ganho de inclinação na curva.

"É significativo pelo fato de ser o relator da LDO, é alguém que tem o pulso político em torno da proposta de Orçamento. Para ele vocalizar esse tipo de coisa, é sinal de que ele sabe que, dentro do governo ou entre os congressistas, há pouco apoio para a proposta de déficit zero do Haddad", diz o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, comentando as declarações de Forte.

Antes, os juros futuros já operavam em alta, seguindo os ganhos dos Treasuries, entre 3 pontos-base, no caso da T-Note de dois anos, e 4 pontos-base, no T-Note de dez anos. A alta de 0,4% na produção industrial dos Estados Unidos em agosto – acima do consenso do mercado, de 0,1% – amparou o movimento, apesar de números da Universidade de Michigan terem mostrado queda nas expectativas de inflação no país.

Para o gestor de multimercados da Neo Investimentos, Mario Schalch, o movimento dos juros americanos explicou boa parte do comportamento da curva doméstica. Mas ele destaca que a pressão externa não foi suficiente para levar a um ganho expressivo das taxas nos trechos curto e intermediário da curva, que ainda refletiram o fortalecimento das apostas em aceleração dos cortes da Selic após o IPCA de agosto abaixo do esperado.

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