Os renovados sinais de desinflação no Brasil e de avanço da reforma tributária na Câmara induzem queda dos juros futuros. O mercado também ficará de olho no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em eventos nesta segunda-feira (12). A baixa acontece apesar de na sexta-feira (9) as taxas terem cedido
O recuo dos rendimentos dos Treasuries também reforça este quadro, bem como a desvalorização do dólar, enquanto os investidores aguardam a agenda da semana ganhar tração. Os destaques na semana são as decisões de política monetária do Federal Reserve, do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco do Japão.
Há instantes, as principais taxas de juros futuros renovaram mínimas, refletindo a redução nas projeções na Focus para a inflação doméstica. A mediana para o IPCA fechado em 2023 caiu de 5,69% para 5,42%; a de 2024 saiu de 4,12% para 4,04%; a de 2025 variou de 4,00% para 3,90%; e a de 2026 cedeu de 4,00% para 3,88%.
Conforme o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, chamam a atenção as reduções nas expectativas de 2025 e 2026. "Para o curto prazo, a diminuição já era esperada, mas, a princípio, para as projeções mais longas, não", diz. Em sua visão, esse movimento reforça a ideia de que taxa Selic começará a cair em breve. "Talvez não caia em junho, mas agosto é cada vez mais certeira", afirma, completando que se essa tendência continuar, pode-se começar a pensar em cortes maiores da Selic.
Os resultados são divulgados após o bom humor nos mercados na semana passada depois da divulgação do IPCA de maio. "Acreditamos que as expectativas de inflação deste ano e do próximo continuarão cedendo, demonstrando o sucesso da política monetária brasileira e dos principais países do mundo, que pode se traduzir na redução da Selic nos próximos meses", cita em nota o Safra.
Ao mesmo tempo, os investidores ficarão focados em possíveis sinais sobre a política monetária pelo presidente do BC, à medida que seguem crescentes as apostas de início de queda da Selic em agosto, quem sabem até de meio ponto porcentual.
Entre os eventos dos quais Campos Neto participará, está a reunião (10h), por videoconferência, com Christopher Garman, Diretor para as Américas da Eurasia Group, e Silvio Cascione, Diretor no Brasil, em São Paulo, para apresentação, por parte dos audientes, de seu cenário macroeconômico. Às 15h30, profere palestra, no Encontro com Líderes do Varejo do IDV, promovido pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), em São Paulo (aberto à imprensa).
Hoje, três indicadores de inflação mostraram resultados menores em relação ao passado. O IPC-Fipe subiu 0,11% na primeira quadrissemana de junho, após avanço de 0,20% em maio. O IPC-S, da FGV, apresentou variação zero na primeira leitura deste mês, depois de ter fechado com alta de 0,08% no mês anterior. Já o IGP-M recuou 1,95% na primeira prévia de junho, após cair 1,13% na mesma leitura de maio.
Sobre a reforma tributária, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), coordenador do grupo de trabalho da proposta na Câmara, em entrevista ao <i>Canal Livre</i>, exibida ontem pela Band, considerou que está finalmente madura para ser votada.
Fica ainda no radar a agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prevê uma reunião com ministros e lideranças do governo no Congresso.
Às 9h32 desta segunda-feira, o contrato de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2024 estava em 12,99%, ante mínima de 12,975%, e após 13,020% do ajuste na sexta-feira. O DI para janeiro de 2025 marcava 10,995%, ante mínima a 10,975% e após o ajuste de 11,07%; o DI para janeiro de 2027 tinha 10,43%, (mínima a 10,42% e ajuste a 10,50%).